É agora por demais evidente que o Brasil se saiu muito bem da presente recessão global. É verdade que alguns setores da Economia brasileira sentiram a quebra de procura nos seus parceiros internacionais, especialmente os mais exportadores… Assim se explica a quebra desde os 6% de crescimento do PIB, para 3,6% no último trimestre de 2008. Contudo, tal abrandamento passou invisivelmente pela maioria dos brasileiros, pela sua pequena escala e pelo dinamismo do mercado interno. E agora, em 2009, existem já sinais de que a recuperação está solidamente alicerçada desde maio de 2009.
Em termos geopolíticos, o Brasil sempre foi prejudicado foi uma atitude internacional demasiado tímida e até isolacionista. Hoje em dia, apesar de a economia brasileira ser das mais fortes do mundo e do país continuar sendo uma potencia regional incontestada a influência do Brasil no mundo é muito diminute. Países economicamente e demograficamente muito menos importantes têm uma influência muito maior. Países como Portugal, conseguiram feitos muito notáveis no passado recente, como por exemplo a independência de Timor-Leste, precisamente pela sua presença na maioria dos cenários de crise mundiais (Balcãs, Líbano, Afeganistão, Iraque, etc). Talvez agora, com a presença do Brasil, entre os membros do G20 e graças ao indiscutível carisma pessoal de Lula da Silva, o Brasil saia dessa pequena caixa diplomática onde se encafuou na década de 50 e onde tem que sair, se quiser tomar o lugar que é seu entre as grandes nações do globo.
O Brasil vive um momento único, em termos de oportunidade para alinhar ao lado dos maiores do mundo. O aumento imparável da população mundial torna e tornará cada vez, a produção e exportação de alimentos um factor determinante na influência internacional de um país. Num mundo que em 2050 terá a sua população duplicada a exportação de alimentos será um factor tão importante como hoje é a exportação de gás natural (e vejamos como a Rússia de Putin mantêm a Europa dócil, desta forma…) ou a de petróleo (e veja-se a importância exagerada de países como o Irão ou o Iraque por causa do “ouro negro”). O Brasil beneficia também do péssimo perfil público do seu rival continental venezuelano, que com os seus tiques de autoritarismo tem repelido os seus apoiantes mais moderados ou pouco por todo o planeta… O Brasil, pelo contrário, mantêm uma postura de moderação e razoabilidade que destoa vivamente dos arrazoados clamantes do Chavismo.
Mas se ainda falta algo para que possamos ver decididamente o Brasil entre as grandes potencias é o desenvolvimento humano de uma parcela muito significativa da sua população. O crime, o subdesenvolvimento, as lacunas do sistema público de Educação e a corrupção continuam a ser travões muito significativos ao desenvolvimento social e económico do país e têm que ser atacados com frontalidade e consequência se o Brasil quer deixar definitivamente de lado o estigma negativo com que ainda é hoje encarado na maior parte do mundo desenvolvido.
Ultrapassados estes obstáculos internos, o país deve depois assumir uma estratégia de parcerias – radicalmente diferente da lógica de alianças estratégicas e militares que definiriam o mundo durante a Guerra Fria – em que o eixo sul-americano e o lusófono devem ser os dois pilares de uma política externa atuante, justa e presente. De um lado, o Brasil deve travar as loucuras belicistas da Colômbia e os desvairos populistas de Chavez e dos seus aliados mais próximos. Do outro, o Brasil deve apoiar-se em Portugal para assegurar por sua via uma plataforma de acesso à região económica e tecnicamente mais desenvolvida do globo: a Europa, e usando ainda a Lusofonia, deve estar presente em todas as crises da África Lusófona, da Guiné à Angola e a São Tomé. O eixo fundamental deve ser aliás esse: a Lusofonia, instrumento essencial e central para construir um novo tipo de relações entre os povos que possa até servir de alavanca para ambições mais altas: uma União Lusófona que o MIL: Movimento Internacional Lusófono defende na sua Declaração de Princípios…
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