
Naomi Klein em http://www.leftjabradio.com
“Friedman, que pensava que os mercados eram mais eficazes quando livres da intervenção dos Estados, pregava a supressão de todas as medidas destinadas a proteger o povo contra a lógica do mercado. Naomi Klein responde que as populações só podem aceitar tais reformas se estiverem em estado de choque, a sair de uma crise, catástrofe natural, atentado ou guerra.”
O que nos leva diretamente às tortuosas e sempre ocultas verdadeiras motivações por detrás da Guerra no Iraque. Se nestas não podemos encontrar as tais “armas de destruição massiva” (e que a Administração Bush sempre soube não existirem) então quais eram afinal estas motivações? Estranhamente, os Media nunca procuraram aprofundar o tema dessas verdadeiras causas, contentando-se com o enunciado da falsidade das primeiras. Talvez porque estejam hoje praticamente todos nas mãos de grupos financeiros e económicos e que a derradeira “imprensa livre” já não é impressa, mas lida nos écrans de computadores…
Nestas razoes ocultas para a Guerra do Iraque contam-se razoes tão prosaicas e desprezíveis como o puro enriquecimento de empresas de outsourcing e prestação de serviços para o exercito como a Halliburton do nefando ex-Vice-presidente Donald Rumsfeld, à satisfação dos interesses do lobby industrial-militar norte-americano, aos interesses das petrolíferas e, não devemos também esquecer a quantidade de pretextos que a conveniente “Guerra ao Terrorismo” (conveniente, porque é uma guerra sem adversários claros nem objetivos determinados) deu a todo o tipo de supressão ou redução de liberdades democráticas: espionagem interna, escutas indiscriminadas, tortura sistemática, prisões arbitrárias e o estabelecimento de um Estado Securitário que cria agua na boca nas ditaduras saudita e chinesa, que lhe invejam os meios e a docilidade (resultante do Terror de alertas terroristas sucessivos e quase diários). E não nos esqueçamos também de todas as áreas cinzentas quanto à autoria dos atentados de 11 de Setembro que por estas bandas já enunciámos…
“Klein conclui que a Escola de Chicago é “um movimento que reza pela chegada de uma crise como um agricultor em período de seca reza pela chuva.” Pior, os adeptos de Friedman são, por vezes, demasiado impacientes para esperar que as forças da natureza se manifestem. E se as catástrofes naturais são difíceis de forjar, os golpes de Estado e os ataques terroristas são fabricáveis a qualquer momento.”
E por isso provocam guerras como a do Iraque. Nada melhor do que forjar um inimigo externo para agregar apoios em torno de uma causa potencialmente impopular, à semelhante do que fizeram os generais da Junta argentina quando empurraram o seu país para a guerra contra o Reino Unido, e Bush quando a des-propósito do 11 de setembro levou os EUA à invasão do Iraque, cumprindo assim os planos dos neoconservadores para “reformarem” a economia e a maneira (em “outsourcing”) de fazer a guerra, retirando de permeio direitos individuais e garantias cívicas a pretexto de uma “guerra ao terrorismo” de contornos intencionalmente mal definidos.
“A queda de Wall Street deve ser para as teorias freudianas o que a queda do muro de Berlim representou para o comunismo autoritário: a acusação de uma ideologia.”
Já Mário Soares declara o mesmo. Naomi Klein tem razão na sua visão daquilo que devia ser, mas erra na sua convicção de que algo de radical irá mudar no mundo após esta recessão mundial… E com ela Soares (que sempre admitiu que não percebia nada de Economia): o sistema financeiro mundial atual tem hoje demasiada força influência para poder ser assim tão facilmente. Após a confirmação dos primeiros sinais de retoma (que já se observam) não tardará a fazer esquecer todos os impulsos de re-regulação dos mercados financeiros e de capitais, recorrendo para tal à sua fiel claque de políticos partidocratas (já assinou ESTA petição?) alimentados a generosas doações regulares de sacos de dinheiro vivo. E tudo ficará na mesma… Graças ao afluxo urgente de biliões do dinheiro dos nossos impostos (mantendo intocados os lucros de décadas e os babilónicos salários dos gestores) e de uma influencia esmagadora das multinacionais sobre todos os governos aparentemente (apenas) democráticos do mundo.
Fonte:
Courrier Internacional, abril de 2009.
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