
(Ben Bernanke, presidente da FED em http://www.clevelandleader.com)
Os primeiros tímidos sinais de recuperação económica nos EUA que já noticiámos há algum tempo aqui no Quintus, começam agora a serem reconhecidos até pela FED (Reserva Federal) dos EUA… Isso mesmo declarou Ben Bernanke, numa entrevista ao programa “60 minutos” que passa na CBS e que a SIC Notícias, reemite, em Portugal. Segundo o responsável da FED a recessão chegará ao fim no final do corrente ano de 2009 e o cenário negro de uma recessão de gravidade comparável à de 1929 está agora posto de parte.
O facto de a Economia estar hoje tão interligada e virtualizada potenciou em muito a rápida propagação da crise a todo o globo, mas implica também que a recuperação – quando surgir no seu epicentro, os EUA – se irá também propagar muito rapidamente… Portugal, por exemplo, que por tradição demora sempre dois anos a entrar em ciclo com as demais economias economias, pode recuperar desta feita muito mais depressa… especialmente porque a crise não teve entre nós (ainda) os mesmos impactos que teve, por exemplo, em Espanha ou noutros países mais seriamente afetados, como a Irlanda, a Islândia ou a Letónia e porque de facto, já estamos em recessão ligeira desde 2000 e as empresas e empresários portugueses já se habituaram a viver neste clima…
O mesmo se pode deduzir do emprego… Ben Bernanke admitiu que a taxa de desemprego nos EUA pode ultrapassar aos 8.1% de fevereiro, mas devido à grande flexibilidade do mercado laboral dos EUA, se a retoma se instalar solidamente, esses números poderão retomar o rumo anterior, com a mesma rapidez com que em pouco menos de 3 meses deixaram evaporar mais de 4 milhões de empregos desde dezembro de 2007.
O grande problema continua a ser estabilizar o sistema financeiro, ainda muito frágil e pleno de elefantes dentro de lojas de vidro, como a péssimamente gerida AIG e o ineptamente administrado gigante bancário chamado Citybank… O Tesouro dos EUA têm injectado biliões de dólares nestas duas empresas privadas, procurando impedir a sua falência e o eventual efeito-cascata que a desaparição iria provocar (algo mais discutível no caso da AIG), mas… existe algures, um limite para o endividamento público norte-americano, e quando este for alcançado, acabam as injeções de Capital… No caso britânico, esse limite para ter sido já tocado, com a recusa do mercado em adquirir toda a última emissão de dívida… Nos EUA, ainda não se chegou a esse patamar, mas ele existe e pode evidenciar-se a qualquer momento.
Mas mesmo que a retoma surja como afirma Bernanke (e como indicam também outros sinais) ainda em finais de 2009, algo tem que ser feito neste momento, aproveitando este clima de urgência e altamente favorável a mudanças estruturais que corrijam as graves disfunções do sistema financeiro: aumentar a regulação, quer no âmbito, quer na eficácia; combater os Off-shores, procurando ilegalizá-los, um por um, criar leis que responsabilizem criminalmente os gestores que atentos apenas aos lucros de curto prazo e às virtuais “mais-valias bolsistas” desprezam o futuro da empresa que deviam servir, mas de que se servem em regime de puro mercenariato e combater as concentrações de empresas que afinal (ver o caso da compra da ABN Amro pelo RBS )
Atualmente, parece posto de parte o cenário de uma recessão tão grave e durdoura como a de 1929… esta este prestes a suceder e foi evitada apenas por alguns dias no pico da crise, no outono de 2008, mas a rápida reação de recapitalizar os bancos norte-americanos em outubro, afastou esse cenário. Um movimento que resultou do aprendizado de 1929, altura em que os dogmas liberais foram seguidos à letra, e onde se deixaram falir todos os bancos afectados.
Fontes:
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/503211
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