
Medvedev, o fantoche favorito de Putin em http://www.mosnews.com
A Rússia irá – segundo o seu presidente mais ou menos fantoche, Dmitri Medvedev – realizar um “rearmamento em grande escala” do seu exército e da marinha, a partir de 2011. Digo fantoche, porque é por demais evidente a quem quer que observe a realidade russa de que os cordelinhos do poder continuam a ser puxados pelo primeiro-ministro Vladimir Putin. Medvedev alega que a agudização da situação político-militar em certas regiões obriga a Rússia a desenvolver a sua Defesa, numa referência não muito indireta à situação no Caúcaso.
É certo que pelo menos desde 2008 que a Rússia encetou uma modernização das suas forças armadas, a primeira digna desse nome depois de décadas de abandono e alimentada pelo afluxo crescente das verbas petrolíferas. Atualmente, a Rússia é dos países que mais tem sofrido com a recessão mundial, não só porque tem revelado ter um sector financeiros ainda demasiado imaturo, como e sobretudo pela queda do preço do barril de petróleo e do gás natural. Contudo, a Rússia acumulou nos últimos anos biliões de dólares em reservas e será destas que sairá o financiamento para este rearmamento.
A primeira prioridade de rearmamento serão as forças estratégicas nucleares, não só porque o seu arsenal nuclear está perigosamente obsoleto, mas porque o sistema antimíssil dos EUA continua a irritar os russos e a sua reação será a de aumentar o número de mísseis e conceber mísseis ainda mais rápidos que tornem o tempo de reação praticamente impossível de cumprir. É certo que existe um sector de mísseis estratégicos que sozinho – mais do que qualquer outra arma – explica porque é que a Rússia ainda é uma potência global – e que este sector está perigosamente enfraquecido por uma obsolescência geral dos seus meios. Mas as forças terrestres russas estão talvez ainda em pior estado, com muitas unidades que existem apenas no papel, lacunas tremendas em treinamento e equipamento e um quadro de oficiais de duvidosa qualidade. A força aérea depende ainda no essencial de aviões da Guerra Fria e o seu reequipamento tem sido sucessivamente adiado. A situação na marinha russa ainda é mais dramática com uma redução radical no numero de todos os tipos de unidades e sem planos de renovação a prazo para os meios mais pesados. Toda esta situação resulta de mais de vinte anos de desinvestimento da Defesa que deixou a MiG moribunda e a Sukhoi quase totalmente depende das exportações (até para os países menos fiáveis do mundo) para sobreviver. Qualquer “rearmamento” russo nos próximos anos pouco mais poderá fazer do que repor parte dos meios perdidos nos últimos vinte anos e tornar a Rússia semelhante à Espanha, país com quem é comparável se medirmos a sua capacidade militar efetiva.
O rearmamento será também uma forma de aproveitar o sensível declínio do poder global dos EUA, não somente por causa da intensa recessão de que sofre a economia global, mas também pelo peso da derrota dos seus aliados na Geórgia, da retirada do Iraque e das dificuldades no Afeganistão para fazer com que a Rússia torne a ombrear com os grandes nos cenários da política internacional.
Fonte:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1369553
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