O governo britânico vai aplicar um novo pacote de medidas de apoio ao sistema bancário. O pacote de apoio inclui uma extensa lista de medidas, como a oferta de um esquema de seguros que proteja a perda de dinheiro por parte dos Bancos se esta resultar de fundos tóxicos. Os Bancos terão que pagar por esse seguro, mas conseguirão assim segurar até 90% das suas dívidas.
De certa forma a medida é um regresso à primeira reacção do FED quando numa primeira reacção da crise do Sub Prime pensou em comprar os chamados “fundos tóxicos” que estavam ligados de forma mais ou menos transparente a estes empréstimos de qualidade duvidosa. Agora, mercê do continuado agravamento da situação económica no Reino Unido, tudo se reequaciona novamente… A medida tem aliás um certo odor a desespero que não é nada tranquilizante e que indica que as medidas de estabilização do sector financeiro no Reino Unido ainda não foram suficientes para começar a inverter a presente fase de declínio económico.
A medida é também uma resposta direta a algo que felizmente não se verifica em Portugal: o sonoro estouro da bolha da especulação imobiliária que se registou nos EUA, em Espanha, na Irlanda e, sobretudo, no Reino Unido.
A medida inclui também uma alínea que pretende obrigar os Bancos a emprestar mais entre si e para a economia real. Alistair Darling, o responsável máximo do Banco central britânico deixou claro que os Bancos que usassem este seguro teriam que tomar “garantias legais muito concretas de forma a que emprestasse mais dinheiro”, e essa é afinal a maior parcela da atual recessão mundial: existe liquidez, fruto de uma década de crescimento e de multiplicação de capital, mas esta reserva de capital está congelada e afastada da economia real pela reserva dos Bancos em emprestarem dinheiro. Os Bancos não emprestam porque temem que os receptores não consigam honrar as suas obrigações e os Estados vêm-se forçados a inventar formas de descongelar a economia e desencantar novas formas de devolver a confiança às entidades bancárias, nomeadamente com estes seguros estatais contra capitais tóxicos. Em suma, o Estado continua a desenvencilhar-se sozinho nas ajudas ao sector financeiro privado, outrora arrogantemente convencido das suas capacidades de auto-gestão e das virtudes do “mercado livre”.
Fonte:
bbc.co.uk/news
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