“Entre os especialistas resta apenas uma certeza comum: uma eventual onda de proteccionismo iria acentuar a crise atual.”
Os mesmos economistas que tão rotundamente falharam em antever esta crise e na fanática defesa da retirada do Estado do seu papel de regulador… Os mesmos que diziam que os mercados funcionavam melhor quando o Estado os deixava em roda livre. Os mesmos que defendiam a privatização de toda a Banca publica, etc, etc, etc
“(economista Miguel Aubyn), a atual crise económica tem levado os governos a tomar medidas proteccionistas de modo a tentar manter o emprego a curto prazo e, nalguns casos, a assegurar a permanência de certas atividades industriais nos seus países (como por exemplo a indústria automóvel)”
Diz Aubyn do alto da sua segura cátedra no ISEG, claro… Aliás, todos estes economistas falam do alto de cadeirões de professorado absolutamente seguros e impermeáveis a toda esta turbulência. É isto que lhes dá esta à vontade para defender o aumento do Desemprego em nome da suposta e improvada “eficiência económica”… Se a facilidade em despedir fosse sinónimo de crescimento haveria recessão nos EUA, o país do mundo onde é mais fácil despedir alguém???
“Para Vítor Bento (presidente da SIBS), a experiência no período entre guerras do século passado é um bom exemplo do resultado a que conduzem as medidas proteccionistas: “menor crescimento e mais desemprego”.
Boa tese, mas coxa… Confundindo o ovo com a galinha. A crise da década de trinta não começou por causa da instauração de medidas proteccionistas, que alias já preexistiam em muitos países. Ela começou por um excesso de oferta e pelo colapso do sistema financeiro nos EUA… O proteccionismo de então não foi uma causa, nem sequer uma consequência.
“É possível que venha a haver algum proteccionismo”, admite César das Neves, “mas será esparso e pouco influente”. Até porque o preço a pagar seria demasiado elevado, sustenta o economista, para quem uma reacção proteccionista global levaria ao colapso do comércio internacional, à queda drástica das exportações em todo o mundo e a uma depressão generalizada.”
Já bastas vezes escrevi agora sobre a minha defesa das Economias Locais e como nos devemos reorientar para consumir sobretudo produtos fabricados ou produzidos na nossa região de residência. As vantagens de reorientação “moral” dos padrões de consumo são tremendas e já as aprofundei noutros locais, recomendando sempre a leitura das obras do economista E.F.Schumacher a este propósito. Assim. A drástica redução do comércio mundial não seria necessariamente sinónimo de caos económico, se os países tivessem sólidos mercados internos (como é o caso do Brasil e não o é da China)
Fonte:
Ana Rita Faria
Público, de 29 de dezembro de 2008
Comentários Recentes