David King, o anterior conselheiro do Governo britânico para a Ciência, responsabilizou a popularização da “Agricultura biológica” e a recusa em adoptar em massa os OGM como os maiores responsáveis pela multiplicação da fome em África… Segundo o cientista, existe um conjunto de atitudes “anti-científicas” contra a agricultura moderna que estão a ser exportados para África e travando a erupção aqui de uma “revolução verde” que poderia aumentar drasticamente a autonomia alimentar do continente e reduzir os níveis galopantes de fome e miséria que o assolam.
O cientista britânico defende que as formas tradicionais de fazer agricultura em África nunca serão capazes de fornecer a alimentação que o continente necessita para fazer face à sua crescente população e que somente culturas geneticamente modificadas (OGM) poderiam aumentar significativamente a produção local e libertar África da dependência crónica da ajuda alimentar externa e das crises de fome recorrentes que assolam o continente nos últimos dois séculos. Só assim se poderiam obter em África o mesmo tipo de ganhos recolhidos na China e na Índia e multiplicar por um factor de 10 a produção atual. É claro que a introdução massiva do cultivo de OGM iria introduzir novos problemas, como os de contaminação das culturas e dos campos adjacentes… um problema quase impossível de resolver quando sabemos da fragilidade das instituições governamentais de controlo e fiscalização, mas será que perante um problema de fome e miséria generalizadas temos realmente opção? Temos nós – habitantes dos países desenvolvidos – o direito de negar aos africanos a solução para os seus problemas alimentares em nome de filosofias mais ou menos fundadas, mas somente aplicáveis em países com excessos de produção? É claro que massificar os OGM em África, implicaria tornar o continente dependente das multinacionais como a Monsanto que produzem as suas sementes e este factor não deve ser esquecido… Mas pode ser combatido! Porque não se estabelecem preços especiais para as vendas para o continente, ou se suprimem aqui os direitos autorais destes produtos, deixando os mesmos intocados nos países desenvolvidos? Soluções há… Mas haverá vontade?
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