
(genial cartaz do http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com)
Eis uma lista que circula pela Internet portuguesa e que explica algumas das maravilhosas decisões políticas de entrega da concessão do terminal de contentores de Monsanto a uma empresa privada por 65 anos e os turvos prolongamentos de cessação do contrato de exploração da Lusponte..
António Vitorino:
Antes -Vice-Primeiro Ministro e Ministro da Defesa
Agora -ex-Presidente da PT Internacional de 1998 a 1999; Presidente da Assembleia Geral do Santander Totta de 1998 a 1999 e do Santander Totta desde 2005, Administrador não executivo da Siemens Portugal desde 2005, assim como da Finpro SGPS desde 2006 e da Brisa desde 2007 (ver AQUI a extensa lista atual de tachos). Múltiplos cargos que acumula com o de comentador residente da RTP, televisão pública portuguesa.
Armando Vara:
Antes – Ministro adjunto do Primeiro Ministro
Agora – Vice-Presidente do BCP (ver AQUI)
Celeste Cardona:
Antes – Ministra da Justiça
Agora – Conselho de Administração da CGD (ver AQUI)
Daniel Sanches:
Antes – Ministro da Administração Interna sob Santana Lopes. Secretário da Assembleia-Geral do BPN e administrador de empresas do grupo SLN. Envolvido no caso Siresp, já que foi a SLN, a entidade que se apresentou a este concurso
Agora – Ligado à gestão de empresas da SLN
Dias Loureiro:
Antes – Ministro dos governos de Cavaco Silva. Antigo administrador do BPN entr 2001 e 2002
Agora – Ligado à adminitração da SLN (que detinha o BPN) e consultor de empresas do grupo
Fernando Aguiar Branco:
Antes – Ministro da Justiça do Governo de Santana Lopes
Agora – Presidência da mesa da Assembleia Geral do BPN
Fernando Nogueira:
Antes – Ministro da Presidência, Justiça e Defesa
Agora – Presidente do BCP Angola até Maio de 2008, reformado como quadro do BCP com reforma principesca em Maio de 2008 (ver AQUI)
Ferreira do Amaral:
Antes – Ministro das Obras Públicas (que entregou a gestão da ponte Vasco da Gama à Lusoponte, dando-lhe na altura a exclusividade na construção e exploração de qualquer nova futura ponte entre Vila Franca e a foz do Tejo) (ver AQUI) no XI e XII governos constitucionais e antes disso ministro do comércio e do turismo.
Agora – Presidente da direção da Lusoponte (ver AQUI)
João de Deus Pinheiro:
Antes – Ministro da Educação e Negócios Estrangeiros
Agora – Vogal do CA do Banco Privado Português, presidente da assembleia geral da Word Monument Fund e do Conselho Fiscal da SAPAS e membro do Conselho de Administração da GALP (ver AQUI)
Jorge Coelho:
Antes – Chefe de Gabinete do Secretário de Estado dos Transportes e posteriormente ministro de Estado e do Equipamento Social (Obras Públicas)
Agora – CEO da Mota-Engil, uma das maiores empresas de construção civil e principal beneficiário nos concursos de Obras Públicas, sob o governo Sócrates (ver AQUI)
José Manuel Alves Elias da Costa:
Antes – Secretário de Estado da Construção e Habitação e das Finanças
Agora – Vogal do Conselho de Administração do Banco Santander (ver AQUI e AQUI)
José de Oliveira e Costa:
Antes -Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Agora -ex-Presidente do Banco Português de Negócios (BPN), atualmente membro do CA do BPN com funções “não executivas” (isto é, nenhumas além de receber muito $$$ in AQUIe de se prepara para receber uma choruda indemnização do Estado pela nacionalização do BPN. De sublinhar que é ao nome de Oliveira e Costa que se associam geralmente os actos de gestão danosa que destruiriam o Banco). Reside atualmente em parte incerta – algures no Universo conhecido ou desconhecido – gozando parte dos milhões que se evaporaram dos cofres do BPN, provavelmente…
José Silveira Godinho:
Antes – Secretário de Estado das Finanças e Ministro da Adminstação Interna
Agora – ex-membro do conselho de administração do BES (ver AQUI), atual administrador do Banco de Portugal desde 2004 (ver AQUI) onde tem feito um fantástico trabalho de supervisão, como demonstram cabalmente os fracassos clamorosos do supervisor nos recentes escândalos do BCP e do BPN.
Paulo Teixeira Pinto:
Antes – Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
Agora – ex-Presidente do BCP, de que saiu depois de uma polémica guerrilha com Jardim Gonçalves que quase destruiu o BCP, mas que lhe encheu os bolsos com mais de 10 milhões de euros por 15 meses de “trabalho” e uma pensão anual de 500 mil euros (ver AQUI)
Rui Machete:
Antes – Ministro dos Assuntos Sociais, da Defesa Nacional, da Justiça e Vice-primeiro-ministro.
Agora – Presidente do Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negocócios, que detinha o BPN (ver AQUI); Presidente do Conselho Executivo da FLAD (ver AQUI)
Estas transferências suspeitas de políticos de cargos políticos para altos cargos nalgumas das maiores empresas portuguesas explicam muito. Explicam porque é que a economia portuguesa se mantêm em estado vegetativo há tantos anos, já que é as suas maiores empresas estão nas mãos dos mesmos que à frente de governos do Bloco Central que regularmente se vai alternando no poder. Explica também porque é que os governos se têm revelados todos eles incapazes de resolver os problemas estruturais da economia e sociedade portuguesa, porque a qualidade dos seus políticos está também espelhada pelo escasso sucesso que revelam à frente das empresas que vêm depois tutelas. Explicam também porque é que a Economia portuguesa está tão “estatizada” e porque é que tantas grandes empresas dependem quase totalmente de contratos com o Estado… Veja-se por exemplo o caso da Mota-Engil e da muito polémica concessão do terminal de contentores de Alcântara…
Não discuto que os políticos depois de se reformarem terem direito de encontrar trabalho no setor privado, claro. Mas estes exemplos, não são os de “reformados”. São de pessoas que muitas deles gozam múltiplas reformas políticas (como Santana Lopes que acumula reformas de deputado com a de autarca, num total que excede os 700 contos mensais) e que depois lhes somam ainda “cargos de gestão” (de facto, de influência política) em empresas que dependem em muito de contratos governamentais. É esta transferência que é suspeita… E muito. E que diz muito da qualidade da nossa democracia e dos políticos do Bloco Central que se vão alegremente alternando no Poder, protegendo-se mutuamente, como se viu neste salvamento que o PS fez ao Banco do PSD, aka BPN…
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