Embora este “mito urbano” (hoax) sobre os efeitos como “repelente de ciganos” do Sapo já circule entre logistas portugueses pelo menos desde meados de 2003, só recentemente é que fui confrontado com a existência do dita, através da intrigante exibição de um par de sapos de cerâmica made in china expostos à entrada de uma “loja dos 300”. Pouco depois, haveria de saber da história de uma loja de roupa que teria montado tal “repelente” à entrada, com suposto sucesso.
Existem relatos de instalação de “sapos” em praticamente todos os cantos do país (Lisboa, Castelo Branco, Beja, Viseu, etc), mas absolutamente nenhuma noutros países do mundo onde também existem comunidades ciganas, e algumas delas bem mais numerosas do que a nossa, como por exemplo na Hungria e na Roménia, o que causa desde logo alguma estranheza… A prática encontra fundamentos teóricos na existência de uma aversão atávica na “religião” dos ciganos pelo sapo, o que os levaria a evitar os locais guardados por tais representações de sapos. Sapos de cerâmica, gravuras e fotografias de sapos, assim como sapos empalhados, tudo tem sido usado para manter longe das lojas ciganos e ciganas.
A disseminação do mito entre os lojistas portugueses é sem dúvida de teor racista, e logo, merece enquanto tal a nossa desaprovação, mas surge do reconhecimento da multiplicação de assaltos e roubos a lojas por parte de alguns membros dessa comunidade, perante a inoperância das autoridades e a inacção dos juízes (ainda muito ocupados na sua “guerra suja” contra o Governo). Nem todos os ciganos e ciganas roubam lojas, mas há alguns que o fazem como modo de vida, impunemente e há décadas e é aqui que brota o mito… Das atividades de algumas de centenas de criminosos impunes que mancham o bom nome e a honra de toda uma comunidade e da inoperância massiva das autoridades. E já agora… Saiba-se que a maioria dos assaltantes de lojas não são ciganos… mas “portugueses” de gema. É o que dizem as estatísticas…
Teoricamente, o “mito urbano” (hoax) assenta na incompreensão tradicional da identidade cigana… Daí a propagação do mito infundado de que existe uma “religião cigana”, logo, distinta da cristão que enforma a matriz cultural da religiosidade portuguesa. Obviamente, não existe tal coisa. Isso contudo, não significa que não existam mitos identitários comuns entre os ciganos. Entre os ciganos de maior idade parece haver uma certa unanimidade de que o sapo seria fonte de azar e discórdia… E parece haver fundamento, na mesma medida em que há pessoas que evitam passar debaixo de escadas ou frente a gatos pretos, também há ciganos que evitam entrar em locais onde estão sapo. Chamar “sapo” entre os ciganos é também um insulto grave e fonte segura de confusões… Mas um e outros mitos estão a cair em desuso, especialmente entre os mais jovens, de ambas comunidades e logo, qualquer “virtude repelente” da saparia perde efeito, com a renovação etária da comunidade cigana em Portugal…
E porque parece haver este receio difuso pelos sapos entre os ciganos? Por importação de receios antigos e infundados comuns entre as comunidades medievais e oitocentistas que ligavam os ciganos (então verdadeiros nómadas) a atividades ligadas à feitiçaria, uma ligação que ainda hoje explica porque são as ciganas tidas como excelente intérpretes de sinas…
Na peça de teatro “The Masque of Queens, Celebrated From the House of Fame” de Ben Jonson, um autor inglês do século XVII, o sapo ocupa um lugar destacado no enredo onde a feitiçaria praticada por ciganos é peça essencial. E de facto, a ligação entre “Sapo” e “Demónio” é comum na sociedade europeia tradicional, havendo inclusivamente algumas línguas do ramo latino onde a mesma palavra é utilizada para ambas as designações. Assim, a ligação estabelecida algures na Idade Média entre ciganos e a prática de feitiçaria, e nesta ao sapo, poderia explicar a ligação entre sapos, como algo de malévolo e ciganos. Uma ligação inventada como forma de discriminação a essa comunidade, mas que por transferências culturais sucessivas haveria de penetrar na própria cultura cigana e estabelecer aqui o seu finca-pé… Ironicamente, os ciganos recordar-se-íam hoje de uma mistificação contra eles urdidas há mais de 500 anos, por aqueles (os “antigos” europeus) que a teriam forjado como forma de discriminação…
Em suma… Não havendo total certeza, parece que existe efetivamente na comunidade cigana atual, um certo receio em relação ao sapo, e às figuras de sapos, um receio que se está a evaporar entre os seus elementos mais jovens, mas que ainda mantêm algum vigôr e que pode de facto, estar por detrás desta multiplicação de sapos às portas das lojas portuguesas…
Fontes:
Jornal do Campo Grande, Lisboa
http://www.sacred-texts.com/pag/gsft/gsft18.htm
http://www.hiddenmysteries.com/xcart/product.php?productid=18442
http://www.reconquista.pt “Os sapos nos estabelecimentos comerciais – uma forma de racismo abjecta porque tolerável e insindicável”
http://www.lucypepper.com
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Masque_of_Queens
Sapo ADSL … ahahahah
Se calhar têm todos Netcabo… 🙂
Daqui a nada temos Sapos nos stands da Mercedes
Isto só mostra o quanto a sociedade portuguêsa e preconceituosa e superticiosa..
pois! Nito, é caso para dizer que se acreditassem no mito… tinham que engolir uns sapos!
Anónimo: Infelizmente, sim… ainda ontem, dei com mais um café com um sapo na montra… o hoax é velho, mas bem vivo, parece…
se os afasta eu ate acho muito bem… els passam a vida a roubar
se nos nao os paramos……param os SAPOSSSS
evidentemente, não posso estar de acordo.
nem todos os ciganos roubam.
e julgar a priori toda uma etnia pelo comportamente de alguns (ainda que possa ser bastantes) é imoral e ofensivo para todos os demais que respeitam a Lei e que se esforçam por manter dentro desses limites.
o que não desmente, contudo, todos os demais casos de individuos desta etnia que vivem no submundo.
mas julgar uns, não deve ser nunca, julgar todos.
cara de um sapo
olá pessoal porque em vez de falar em sapos não falam que na vossa [raça] que um homen cheio de ciumes mandou acido para a sua namorada…. e e que um homen () violou a sua propia filha ou então arranjar uma forma de ocupar os tempos livres porque se não vão fazer merda ai começão a matar os ciganos e a excluir a etnia cigana/o que por um simples (acaso) são todos humanos e já agora tambem portugueses e começão a valorizar os da raça (africana) pretos , que ven lá da guine,moçambique e esses paises de escravos, alguns de voçes não se olhão ao espelho e veÊm sou mesmo estupido estou julgar pessoas que nem conheço quando sabemos todos que vamos morrer um dia se calhar na mão de um (cigano,preto,) ou se não do seu pai que ja morreram muitos na vossa raça querida que existem que por- a- caso na cigana não ex:pedofilia,gay, e esta e´ a melhor casar com uma mulher que rodou varios amigos e se calhar um cigano a comeu e não sei mais……….
para vossa informação sou cigano entrei num café no norte mais uns colegas meus da minha etnia e la estava o sapo o cocas,para espanto do dono do café que até é meu amigo andamos com o sapo ao colo fazendo dele uma criança,portanto ponham mais sapos nos estabelecimentos.
ora bem: como eu dizia: mito urbano infundado.
sim,srº clavis mito urbano infundado,pois muitos da nossa etnia não têm aversão aos sapos,embora sejam uns repteis muito feios não fazem mal a ninguem.
Como os ciganos não são todos ladrões e muitos não ciganos roubam, descubram é uma crença dos ladrões. Tirem o sapo e ponham uma câmara de vigilância, essa deve dar mais resultado 🙂