Esta maravilhosa prova da isenção (ou de falta da mesma) estava presente no dia 4 de Setembro no site da Angop. Repare-se como as sete notícias em destaque são claramente favoráveis ao partido no poder, o MPLA:
“Desportistas exortados ao voto na estabilidade”, isto é, na “estabilidade” pela via da permanência do MPLA no poder.
“MPLA reconhece dedicação dos militantes na campanha eleitoral”, e isso é notícia onde? Só se for nesta Angola “ocupada” pelo MPLA…
“FNLA encerra campanha com saldo negativo”, uma notícia que favorece o MPLA e diminui o concorrente FNLA…
“AD-Coligação enaltece atitude dos actores políticos durante campanha eleitoral”, os “actores” não são os da AD… São os dos outros partidos… Logo… os do MPLA.
“Dirigente do MPLA aconselha evitar excessos no dia da votação”, excessos de comemorações quando o MPLA lá declarar a sua inevitável campanha. Inevitável por causa deste controlo absoluto dos media de comunicação, como bem demonstra este singelo artigo…
“Militantes do PAJOCA filiam-se ao MPLA”, bem… nem apetece comentar esta “notícia”…
“Ex-militante da UNITA apela ao voto no MPLA”, mantendo o tom imparcial até ao fim, ao que vejo…
Com meios de comunicação assim, com os imensos recursos financeiros postos à disposição pelo Estado angolano compreende-se então porque é que apesar de Angola ser um dos piores países do mundo nos índices internacionais de Desenvolvimento Humano num país onde o PIB cresce a ritmos impressionantes (por causa das receitas petrolíferas), o partido de sempre do Governo, o MPLA espera obter nestas eleições mais de 50% dos votos.
“Democracia” não é só dar liberdade de voto. “Democracia” é também conceder, nutrir e incentivar a liberdade de expressão e de informação. E tal não acontece em Angola. Como demonstram aliás a indisponibilidade de concessão de vistos a órgãos de comunicação portugueses que tentavam cobrir estas eleições.
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