(A sonda lunar indiana Chandrayaan-2 in http://www.chandrayaan-i.com)
O programa espacial indiana ainda que muito ativo e dinâmico, tem mantido um perfil mediático particularmente baixo, especialmente quando comparado com a outra potencia espacial emergente: A China. Tal perfil discreto deve-se fundamentalmente ao facto de apesar de a Índia ter desenvolvido sozinha alguns dos melhores e mais fiáveis lançadores pesados de satélites, não ter ainda colocado nenhuma cápsula tripulada em órbita terrestre, nem ter ainda enviado fotografias da Lua, a partir de uma sonda em órbita. Isso vai mudar muito em breve.
O primeiro passo para tornar a Índia numa verdadeira potencia espacial foi o desenvolvimento do lançador pesado “Polar Satellite Launch Vehicle” (PSLV), o engenho que quatro andares que pode colocar em órbita cargas úteis de até 1,2 toneladas. Graças a este, a Índia vai lançar ainda este ano a sua primeira missão lunar, a Chandrayaan-1 (“veículo lunar-1” em sânscrito). A sonda vai orbitar o nosso satélite natural a uma altitude de cerca de 100 Km e terá instrumentação da ESA, da agência espacial búlgara, e até da NASA, num sinal de abertura que a China não tentou imitar quando em 2007 colocou a sua “Chang’e I” em órbita lunar e que diz muito da posição mental com que as duas potencias emergentes encaram a exploração espacial.
A Chandrayaan-1 consistirá num orbitador e numa sonda de impacto, sendo também neste aspecto superior ao engenho chinês, que possui apenas um orbitador e pesará 1304 Kg. Entre a sua instrumentação, possui uma câmara fotográfica de alta resolução, uma câmara de infravermelhos e sensores de raios-X. Durante dois anos, a sonda vai orbitar a Lua, mapeando o seu solo e recolhendo dados sobre as suas características químicas, dando especial atenção aos pólos lunares, onde parece existir uma certa quantidade de gelo de água. A sonda deverá ser lançada no final de Julho de 2008 e terá um custo total que não será inferior a 83 milhões de dólares.
A Chandrayaan-2, por sua vez, será a segunda missão lunar da ISRO e será executada em 2011 em parceria com a Agência Espacial Russa, Roscosmos e vai transportar até ao solo lunar, um Lander e um Rover, sendo assim uma missão extremamente ambiciosa. Em órbita, ficará a sonda, mas esta vai enviar para alunagem uma plataforma, da qual, depois, partirá um robot autónomo capaz de evolucionar pelo solo lunar, antecipando assim em dois anos os projetos chineses para enviar um Rover para a Lua em 2013 (ver AQUI). Este Rover vai recolher amostras do solo lunar, analisá-lo quimicamente e enviar os resultados para o orbiter, que depois, os envia para a Terra. O Rover deverá pesar entre 30 a 100 Kg e será capaz de funcionar durante pelo menos um mês, graças à energia recolhida por painéis solares.
Em termos tecnológicos, mesmo a missão de 2011, vai colocar a Índia no mesmo local e no mesmo grau de desenvolvimento tecnológico que a URSS tinha em 1970, com o seu Rover, Lunakhod, que era mais pesado e funcionou durante 90 dias, percorrendo (na segunda versão) mais de 36 quilómetros. Isto representa bem o nível de vantagem tecnológica recolhido pelos soviéticos na década de 70 e o atraso relativos das novas potencias espaciais, China e Índia… Ainda assim, uma e outra, começam agora a criar a devida “massa crítica” para tomarem o seu lugar entre as potencias espaciais da atualidade. No caso chinês, já existe capacidade autónoma para colocar homens no Espaço e para enviar sondas para a Lua. No caso indiano, essas capacidades ainda estão por provar… Mas com o foguetão PSLV, as condições mínimas estão criadas e a vontade é manifesta.
Esperemos que a Índia saiba recuperar o seu atraso frente à China e que as outras potencias BRIC acordem também… Uma única, de facto (o Brasil) tem estado arredada destas missões lunares. De facto, todas as potencias emergentes devem também dedicar a esta promissora e vital “última fronteira” os recursos e a energia necessárias, de forma a impedir que a China consolide aqui a sua vantagem e se venha a declarar “proprietária” da Lua ou a impôr o seu “Império” também no Espaço Exterior. E isso compete a todos nós impedir. Europeus (ESA), russos, indianos e… brasileiros, que agora com o acordo assinado com a Ucrânia em 2003 poderão recuperar o tempo perdido com o desastre de Alcântara e que previa que já em 2007 fosse lançado desta base brasileira uma variante evoluída do Tsiklon-4, capaz de lançar um satélite geoestacionário de 1,8 toneladas ou um de 5,5 em órbitas baixas. Em Agosto de 2007, teve lugar uma reunião entre a agência espacial ucraniana e responsáveis do governo brasileiro para assentarem na formação da parceria “Alcantara Cyclone Space”, com a responsabilidade de avançar com o projeto “Cyclone-4”, um lançador de satélites a lançar desta base espacial brasileira. Para esse efeito, a base brasileira está a receber diversas modificações de forma a que o primeiro lançamento tenha lugar na data prevista, em 2010.
Fontes:
http://www.chandrayaan-i.com/?gclid=CI2z-eTK15MCFQo1QgodJiMvZA
http://www.digi-help.com/space/chandrayaan-1-moon-mission.asp
http://www.isro.org/chandrayaan-1/
http://chandrayaan-indianmissiontomoon.blogspot.com/2008/04/videos-of-chandrayaan.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Chandrayaan
http://www.isro.org/pslv.htm
http://www.isro.org/
http://cns.miis.edu/research/space/ukraine/launch.htm http://space.skyrocket.de/index_frame.htm?http://www.skyrocket.de/space/doc_lau_det/tsiklon-4.htm http://www.spacetoday.org/Rockets/Brazil/BrazilRockets.html http://www.nkau.gov.ua/nsau/newsnsau.nsf/PressRelizE/F4FE517F06C9BABBC2257353002C03E0?OpenDocument&Lang=E http://www2.mre.gov.br/dai/b_ucra_20_5176.htm
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