Por norma, os assuntos da “Bola” não são abordados aqui no Quintus, como saberão aqueles que por aqui mais vão passando, mas por vezes, há que dizer qualquer coisa. Não sobre a prestação desportiva da seleção da federação portuguesa de futebol, que para isso já temos espaço mediático mais do que suficiente, cobrindo cada aspeto da atividade fisiológica dos jogadores e esparramando-se em detalhadas biografias vazias de cada jogador. Vamos abordar aqui uma questão que nos parece relevante no contexto que por aqui são tratados e que se trata da forma como Luiz Felipe Scolari abandonou a dita seleção e as condições em que o fez.
No que respeita aos meus princípios, nada me agradou mais do que ver um brasileiro comandando a seleção da fpf, e nela, comandando vários brasileiros naturalizados portugueses. São detalhes pequenos como estes que introduzem no espírito popular a possibilidade da união dos nossos dois povos e este é, como saberão, um dos pontos de honra mais defendidos por aqui. O estilo de Scolari, contudo, não facilitava esta defesa… arrogante, presumido, mesmo aquando do rotundo falhanço com a medíocre seleção grega e muito pouco capaz de reconher o erro próprio e totalmente incapaz de lidar com críticas, o selecionador não era uma defesa simples…
Mas agora, com a sua saída para o Chelsea, tornou-se praticamente impossível defender o homem. Que consistência moral tem um “capitão de homens” que exigia na semana passada que Cristiano Ronaldo não abordasse mais o tema da sua eventual saída do Manchester e que na semana seguinte anunciava a sua própria saída para o Chelsea? Este volte-face empurrado pelo amor-próprio não afeta a sua autoridade junto do grupo que ainda lidera?
E aqueles que diziam que o anúncio do Chelsea, fora “uma indiscrição, não planeada por Scolari” sabem agora que não foi assim… O seu assessor, Acaz Felleger já esclareceu que o momento do comunicado era “o momento oportuno, com Portugal qualificado como primeiro no Grupo”, deixando bem claro que este é apenas o objetivo de primeiro grau do selecionador que ficará portanto satisfeito se o próximo jogo se consumar numa rotunda derrota… sobretudo agora que já tem a retaguarda assegurada.
Quanto às declarações do guarda-redes Ricardo, segundo o qual haveriam jornalistas que não estavam a “defender Portugal” e que havia “profetas da desgraça em Portugal”, Ricardo parece esquecer que a sua seleção não é a de todos. Não é a minha certamente, já que não o elegi para nenhum cargo público, nem a Scolari, nem a ninguém da fpf, e que estes representam antes do mais os seus próprios interesses e os interesses de um lobby que nos deixou um país povoado de estádios mastodônticos pagos com o dinheiro dos meus impostos e bastamente visitados por moscas e outras animálias do género. Não apoiar esta seleção não é a mesma coisa que “não apoiar Portugal”, tanto mais que Scolari provou que os interesses que a movem são antes do mais financeiros e que a projeção que os jogadores logram obter nestes campeonatos compensa largamente todo o seu esforço, pelos chorudos contratos que depois assinam. Pudessemos todos fazer recompensar o nosso esforço profissional com o mesmo rendimento… E se Ricardo teme alguém capaz de “destabilizar a equipa”, então não o deve procurar no exterior, mas olhar para o seu próprio selecionador, que cumpriu já essa tarefa com excelente desempenho.
A deserção do treinador vai afetar inevitavelmente o rendimento da equipa. A irritação mal disfarçada dos jogadores perante as naturais perguntas dos jornalistas é aliás sinal disso mesmo: de uma quebra na consistência da equipa… Os resultados seguintes serão aferidos em função desta deserção, antes de tudo o mais e isso irá cair muito mal no currículo de quem deixou a meio a sua anterior função e que ingressou num clube de cujo rendimento o seu patrão tanto espera, depois da saída de Mourinho.
Fonte:
http://relvado.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=rv.stories/72191
“No que respeita aos meus princípios, nada me agradou mais do que ver um brasileiro comandando a seleção da fpf, e nela, comandando vários brasileiros naturalizados portugueses. São detalhes pequenos como estes que introduzem no espírito popular a possibilidade da união dos nossos dois povos e este é, como saberão, um dos pontos de honra mais defendidos por aqui. ”
Não é coisa que me preocupe muito, mas coloco algumas dúvidas às “naturalizações”, mesmo sabendo que até agora Pepe e Deco foram dos melhores da seleção. Acho sim que devia ser estabelecido um número máximo de “naturalizados” por selecção. Não se trata de nacionalismo ferrenho, mas sim de uma preocupação ligada à económia e ao próprio desporto.
Primeiro: No futuro as seleções mais poderosas poderão construir equipas “mercenárias” com jogadores de qualidade de diversos países.
Segundo: Essa fuga de jogadores poderá enfraquecer ainda mais as equipas de países com menos relevo.
Terceiro: O conceito de seleção poderá deixar de fazer sentido e as seleções serem meras equipas profissionais.
Os franceses têm a “Legião estrangeira”, nós temos a “Selecção estrangeira”. O futebol e tudo o que o envolve é uma comédia, e esta selecção cheia de estrangeirados que vieram atravessando o atlântico é uma anedota.
nada tenho a opor aos “naturalizados”… ao fim ao cabo, a um certo nível, todos o somos, e nada importa mais do que aquele país que sentimos ser a nossa pátria, onde temos raízes familiares e onde nos identificamos… não nego que neste mundo da Bola, poucas vezes este critério tenha pesado, e o factor financeiro possa ter sido o dominante… mas aceito o conceito. Mas sim… posso concordar com o estabelecimento de um limite, já que ver seleções só de “recrutados” implica que são os países mais ricos que dominam estes encontros. o que já é verdade… mas assim ainda o é mais…
Vamos todos agarrar em bandeirinhas “made in china” e gritar pela selecção de estrangeirados. E quando a selecção de estrangeirados for eliminada vamos voltar à nossa vidinha e dizer que temos vergonha deste país corrupto, fugir aos impostos e ficar atentos às novelas e aos jornais da bola. Afinal, o problema de Portugal é estar cheio de portugueses, e a única ocasião em que os portugueses exibem com o orgulho a bandeira e gritam por Portugal, é para apoiar os estrangeirados que vieram atravessando o atlântico com bandeiras “made in china”.
neste momento, não tenho dúvida de que serão eliminados.
a dúvida é saber até onde chegarão, apenas.
scolari já mandou dizer – via assessor – que o seu objetivo era apenas o de passar na primeira fase.
e com a equipa desmotivada pela fuga do seu treinador, a moral do grupo vai-se inevitavelmente ressentir.
repare-se até no discurso desculpabilizante que coloca em “invejosos” e “profetas da desgraça” a culpa da iminente derrota, e não nas fragilidades de um grupo agora decapitado.
quanto à china… eu não me preocuparia muito…
há ainda muitas bandeiras para fabricar.
até do tibete…
http://news.bbc.co.uk/2/hi/asia-pacific/7370903.stm
quanto a Scolari discordo da sua opinião. fez um trabalho excelente com a selecção. independentemente dos seus defeitos (evidentemente que os tem) é um lider. sinceramente não o acho arrogante. bastante teimoso sem duvida.
podem discordar das suas tácticas, dos metodos. podem acusá-lo de ser um treinador mediano mas os resultados mostram o contrário.
e é triste ver que teve que ser um brasileiro a incentivar os portugueses a mostrarem-se contentes! e é triste que tem que ser um estrangeiro a combater os interesses mesquinhos que existiam dentro do balneário da selecção, e calar todas as vozes externas… a acabar com perguntas de jornalistas que não têm qualquer nexo.
qualquer coisa que Scolari faça é alvo de polémica e inventam problemas atrás de problemas. teorias e mais teorias são resultado do trabalho de dezenas de jornalistas e editores que precisam disso para justificar o seu trabalho.
eu não sou fã da selecção de futebol. é absurdo o modo como vivemos estes momentos desde o Euro 2004.
concordo com Sa Morais
“O conceito de seleção poderá deixar de fazer sentido e as seleções serem meras equipas profissionais”
aliás o conceito de representação nacional ao nivel do desporto, neste mundo globalizante faz cada vez menos sentido. mesmo nos jogos olimpicos! se calhar ter-se-á que repensar a representação ao nivel de países em favor das comunidades
a saída de scolari, e a forma e o momento em que saiu revela um personagem de muito baixa moral e ética.
a adesão fanática dos portugueses a uma seleção que é a a da fpf, e não tanto a de “portugal”, exagerada e doentia…
o uso de símbolos nacionais em tantas campanhas publicitárias privadas, reprovável e provavelmente, ilegal.
o desporto é cada vez mais negócio… e isso está a matá-lo.
rapidamente.
SCOLARI está de parabéns, campeão do mundo pela seleção Brasileira de futebol e só não foi campeão europeu por deficiência moral dos jogadores portugueses: fracos fisicamente, desunidos,vacilantes, sofrendo de complexo de inferioridade ante aos continentais, orgulhosos e presunçosos com os compatriotas. Daquido Brasil torcemos para nossos irmãos LUSOS superem seus complexos e vençam o copa da europa e não fiquem já querendo achar um Brasileiro para aliviarem um possível fracasso.
as suas realizações são inegáveis, mas atenção:
1. liderou uma das equipas portuguesas com melhores valores da história… não nascem ronaldos todos os dez anos… e ronaldo não é único excelente jogador nesta seleção
2. perdeu uma final do europeu, em casa e com uma das mais fracas seleções europeias, a da grécia (já varrida, este ano). Esse feito (ou des-feito) é notável.
e zico será provavelmente o seu sucessor, pelo que não me pareça que a saída vergonhosa de scolari tenha algo a ver com a sua nacionalidade (leu mesmo este artigo???)
este fracasso não se deveu a um “brasileiro”, deveu-se a um homem que teve uma atitude reprovável e irresponsável, e que por acaso é brasileiro. mas podia ser turco ou mongol.
>só não foi campeão europeu por deficiência moral >dos jogadores portugueses: fracos fisicamente,
“fracos fisicamente” é uma deficiência “moral” importante. Mas não estou a ver bem onde são fracos fisicamente. E gostava de saber como é que os maiores clubes da europa pagam milhões por jogadores racos fisicamente
>desunidos,vacilantes
Pois claro, se era assim cada um para o seu lado é porque lhes faltou um treinador.
>sofrendo de complexo de inferioridade ante aos continentais
ante aos continentais? os gregos são continentais e os portugueses insulares. deves estar a falar do Cristiano e do Pauleta que nasceram nas ilhas. É isso, já temos bodes expiatórios
>Daqui do Brasil torcemos para nossos irmãos >LUSOS superem seus complexos
Os nossos complexos ultimamente são iguais aos vossos. No último mundial cairam ambos perante a França. Parece que não são só os portugueses que têm deficiências morais. Aliás, no conjunto das duas seleções haviam mais brasileiros que portugueses, por isso os brasileiros devem ter um complexo de inferioridade ante os “continentais” franceses
>e não fiquem já querendo achar um Brasileiro para >aliviarem um possível fracasso
Não é preciso encontrar um, há lá vários. É só tirar à sorte
tss tss… mais uma vez os nossos complexos de inferioridade ante os “continentais” nos levaram à derrota. o complexo de inferioridade foi tal que a seleção portuguesa esteve sempre ao ataque. e mais uma vez os nossos jogadores, fracos fisicamente, sufocaram os alemães na fase final, que já não podiam com um gato pelo rabo.
novamente a explicação deste anónimo brazuca bate certinho com o que aconteceu 🙂
a explicação é simples, falta disciplina… mas para isso é preciso um treinador a sério e não um que anda apenas atrás de euros e libras e se vende a quem pagar mais.
perdeu scolari, cuja saída fora-do-tempo arruinou a moral da seleção da fpf e perdeu ainda pela mão azelha de ricardo, o “seu” guarda-redes de teimosa eleição.
e agora que a “febre do euro” terminou, talvez este país possa começar a resolver os seus problemas e se cure um pouco desta doença terminal que é o futebol e a mafia que o rodeia…
Amanhã já ninguém anda de bandeirinha no carro e na janela e todos dizem que este país é uma vergonha e têm vergonha de ser portugueses ahahahaha. A bandeirinha só volta a sair da prateleira quando a seleção de azeiteiros e estrangeiros voltar a um torneio mundial ou europeu
andarão, andarão…
as ilusões demoram tempo a desaparecer…
assim como os logros.
tal como aquele cometido pela pouco digna e airosa saída de cena deste treinador.