(Forças Especiais brasilerias no Exércicio “Felino 2006” realizado no Brasil in http://www.inforel.org)
Portugal vai propôr aos restantes países membros da CPLP durante o próximo mês de Maio a formação de “centros de excelência” no sector da Defesa. Esta proposta vai ser levada à mesa da CPLP pelo ministro da Defesa português, Nuno Severiano Teixeira durante a próxima cimeira de ministros da defesa da CPLP, em Maio, na capital timorense.
O projecto permitirá aprofundar os laços de cooperação militar entre os países da Comunidade e é um dos primeiros passos no sentido da consolidação da cooperação militar entre os países lusófonos. Actualmente, vários países membros estão já a trabalhar na criação de centros locais, mas Portugal e Moçambique estão mais adiantados tendo sido assinado recentemente, assinado um acordo que renova o convénio militar Portugal-Moçambique e que acrescenta explicitamente agora a formação de militares da marinha de guerra moçambicana e da guarda costeira dete país do Índico. Adicionalmente, Portugal vai também assistir Moçambique no levantamento das necessidades para instalar neste país uma rede de comunicações militares eficiente, já que a actual é muito básica. A força área, com a formação de pilotos também serão novidades introduzidas por este acordo. Mantêm-se os projectos já em curso de treinamento local de elementos da Polícia Militar, dos Fuzileiros e das Tropas Especiais moçambicana que decorrem já há anos, com elevado grau de sucesso.
A instalação de centros de formação (“centros de excelência”) em cada país da CPLP, que possa treinar unidades e militares de outros países é fundamental para aumentar o nível de entrosamento e de cooperação entre os países lusófonos, ampliando as acções isoladas de âmbito bilateral que já hoje decorrem (normalmente, em que Portugal treina militares de países dos PALOP) mas onde os restantes países da CPLP estão geralmente ausentes… Existem muitos conhecimentos adquiridos pelas forças angolanas na guerra contra a UNITA que poderiam enriquecer a eficiência de forças especiais de outros países lusófonos… Angola foi também o único país lusófono envolvido em grandes operações militares envolvendo blindados e meios aéreos (Cuito Canavale , por exemplo) e o fruto dessa experiência poderia ser disseminado pelos restantes países… O Brasil tem grande experiência em missões de paz em meios urbanos (Haiti), assim como excelentes forças de selva e pilotos… Portugal forças treinadas pela NATO e pilotos tão bons como os melhores, Moçambique experiência da Guerra Civil com a RENAMO, assim como os timorenses experiência da guerra de guerrilha contra a Indonésia e a Guiné contra a poderosa força coligada que invadiu o país. São estes conhecimentos que deveriam ser cruzados nestes “centros de excelência na área de Defesa”. Talvez protipando a “Força Lusófona” que por AQUI temos vindo a defender…
A proposta vai de encontro aquilo que o actual Director-Geral do Secretariado Executivo da CPLP, Hélder Vaz exprimiu na conferência “Portugal e a CPLP. O espaço de cooperação lusófono”, no Instituto de Estudos Superiores Militares, em Lisboa onde declarou que “a cooperação no sector da Defesa pode servir de inspiração à cooperação noutros sectores.” e recordou que foi esse tipo de cooperação que contribuiu para a resolução dos conflitos na Guiné-Bissau, em Timor e São Tomé e Princípe. Hélder Vaz apoio também aque a iniciativa do MD português para criar os “centros de excelência”.
O Director-Geral da CPLP aludiu ainda aos Exercícios Militares conjuntos “Felino” que desde 2000 têm agrupados forças oriundas dos diversos países da lusofonia e aludiu especificamente aquela nossa proposta que originou a supracitada petição: “os exercícios Felino, iniciados no ano 2000 têm-se revelado importantes exercícios de treino de actuação conjunta de forças dos 8 países, abrindo caminho para a criação de unidades integradas que poderão a seu tempo ser utilizadas nas operações de paz sob a égide das Nações Unidas ou na realização de acções de carácter humanitário em casos de calamidades naturais,” Poderia porventura ser mais clara a expressão de uma convergência com as propostas do MIL?
Os próximos exercícios militares lusófonos “Felino” terão lugar em Portugal, em Setembro de 2008 e suceder-se-ão aos últimos, que ocorreram em São Tomé e Príncipe, em 2007, com forças de todos os países da CPLP, com excepção de Timor e da Guiné-Bissau. O objectivo destes exercícios e aperfeiçoar a eficiência da respista de um Estado-maior conjunto no comando de uma força mista composta pelos vários países da CPLP e entrosando unidades dos três ramos. As missões objectivadas são de ordem humanitária e de manutenção de paz e poderão corresponder a missões concretas dos países da CPLP ou realizadas no quadro da ONU. Em 2007, o ministro são tomense da Defesa e Ordem Interna, Óscar Sousa, afirmou a necessidade imperativa do estabelecimento de uma “articulação política entre as Forças Armadas da CPLP como forma de se combater a criminalidade organizada”, numa alusão indirecta, mas clara à situação que se vive hoje na Guiné-Bissau, tornada na plataforma giratória do tráfico de droga na África Ocidental e ponto de partida para a Europa dessa perniciosa actividade criminosa. Na altura, Óscar Sousa acrescentou ainda que “a defesa e a segurança constituem hoje elementos indispensáveis ao desenvolvimento dos Estados e estão no topo das atenção ao nível mundial“, o que só indica que existe uma vontade política e uma visão comum entre os vários países da CPLP para a criação de uma “força lusófona da manutenção de paz” que poderia estar já hoje activa ajudando as forças de defesa de Timor-Leste a capturar os insurrectos de Gastão Salsinha ou a ajudar as paralisadas forças militares e policiais da Guiné-Bissau a combater o narco-tráfico.
A este respeito, recordo que lançamos a petição “Por uma Força Lusófona de Manutenção de Paz” que ainda pode assinar e que já reune mais de 530 subscritores oriundos de todos os países da CPLP.
Fontes:
Público
Correio da Manhã
CPLP
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