FIlipe Menezes lá acabou por mudar de opinião quanto a ser líder do PSD. Nada de espantar, num homem que mudava tantas vezes de opinião sobre tantas outras coisas…
Manuela Ferreira Leite aparece agora como um “Sebastião de Saias” para salvar o seu partido da extinção. Mas um Sebastião cheio de fraquezas… O seu mandato como ministra das finanças foi desastroso: como resposta a um défice galopante vendeu património e cortou nos post-its… Da sua passagem pelo ministério da Educação também não há mais memória do que algumas manifestações de professores…
Se Ferreira Leite é o melhor líder que se pôde arranjar, então esse partido autofágico que é hoje o PSD (em crise por incapacidade de satisfação das suas redes clientelares e pelo desemprego dos seus boys) arrisca-se a sofrer mais uma derrota humilhante em 2009 e o sistema bipartidário que nos rege a… acinzentar-se ainda mais numa espécie de “socratismo” que não é nem social-democracia, nem socialismo, mas apenas uma espécie de tecnocratismo sistémico sem definição política e gerador de abstenções massivas.
(Cerimónia de transferência das fragatas da classe João Belo)
Portugal entregou a 8 de Abril, na Base Naval do Alfeite, à marinha do Uruguai as 2 fragatas João Belo que vendeu a este país sul-americano por 13 milhões de euros. O valor da venda foi considerado por muitos como um mau negócio para Portugal, uma vez que a própria Lei da Programação Militar avaliava os dois navios em cerca de 30 milhões de euros. Isso mesmo foi aliás admito implicitamente pelo secretário de Estado da Defesa, João Mira Gomes quanso declarou que” Nós entendemos isto não apenas como uma venda, mas também como um projecto de cooperação bilateral porque poderá haver uma colaboração entre a Marinha Portuguesa e a Marinha do Uruguai.” E há também uma certa polémica quanto aos sonares que equipam os navios… Os sonares não são equipamento original destas fragatas e foram instalados na década de 90 no âmbito de um programa de modernização que devia garantir a sua operacionalidade mínima em padrões NATO durante pelo menos mais dez anos. Inicialmente, havia informações segundo as quais, os sonares seriam retirados e transferidos para as últimas três fragatas da Marinha, mas parece que afinal nada foi removido dos navios e assim, estes serão entregues com os ditos à marinha uruguaia. Uma boa razão está em que as Vasco da Gama já estariam equipadas com os mesmos sonares de médio alcance AN/SQS 510, o que retira fundamento a esta polémica… É claro que poderiam ser instalados nas duas “novas” (usadas) fragatas Karel Doorman que têm radares diferentes DSBV 61 e PHS-36, sendo o último equivalente ao SQS 510 e provavelmente inferior… mas o custo da transferência, remoção e instalação seria proibitivo, razão pela qual o processo foi abortado. De qualquer forma, o Uruguai acaba na posse de duas fragatas com os melhores sonares da América do Sul com o seu alcance de 27 mn. Assim, a notícia da RTP, com fonte do minisério da Defesa, que dá como certa “a retirada dos sonares foi acordada entre as partes durante o processo negocial” e que esse equipamento ou parte dele será utilizado nas fragatas (Meko) Vasco da Gama.” não se confirma. As restantes modernizações (realizadas entre 1987 e 1989) estão assim também elas todas presentes nos navio, tais como os novos lançadores de torpedos (semelhantes aos das “Vasco da Gama”), novos sistemas de defesa contra ataques por torpedos e novos equipamentos de guerra electrónica.
Estas fragatas foram compradas por Portugal à França, na década de 60 como uma alternativa às fragatas inglesas Leander que Portugal queria comprar, mas por motivos políticos teve que desistir da compra. Estas fragatas da classe “Comandant Riviére” não eram “fragatas” convencionais, mas “avisos” concebidos para missões de afirmação de soberania no ultramar francês. Não precisavam assim de ser navios especialmente sofisticados, para enfrentamentos contra marinhas de primeiro nível ou contra a marinha soviética, mas deviam ser capazes de operar a longas distâncias, com autonomia e poder bélico mínimo. Por esta razão, as fragatas não estavam equipadas com mísseis… O que haveria de levar aos planos de remoção das torres de canhão da popa para substituição de lançadores de mísseis Harpoon ou Exocet, posteriormente abandonados por causa do seu custo. As duas peças de 100 mm, com um alcance de 17 Km, revelaram-se decisivas nas campanhas de África para apoiar vários desembarques e são uma mais valia significativa, mesmo hoje, e não podem ser desprezadas nesse tipo de missões…
As fragatas “Comandante João Belo” e “Comandante Sacadura Cabral“, serão rebaptizadas, respectivamente de ROU01 “Uruguay” e ROU02 “Cte. Pedro Campbel” e partem já a 25 de Abril para a África do Sul de forma a participarem aqui, já sob a bandeira uruguaia nas manoras navais “Atlasul”, com navios argentinos, brasileiros e sul-africanos. O Uruguai já opera navios desta classe, comprados à França quando esta descontinuou esta classe, mas sem estarem tão modernizadas como as portuguesas. As “João Belo”, não deverão contudo operar nesta marinha por muito tempo… Há planos para as substituir em 2012-2014 pelas mais modernas fragatas alemãs Bremen construídas na década de 80 (e não em finais de 50, como as “João Belo”).
É certo que as duas João Belo remanescentes (as outras duas já foram desactivadas à mais tempo) eram hoje navios incapazes de se defenderem sozinhos e que só podiam ser integrados numa força naval maior, mas tinham sistemas electrónicos, de torpedos e um sonar ao nível dos melhores que equipam a NATO… A sua saída, deixa a marinha portuguesa com apenas três fragatas Meko, modernas, muito competentes, mas escassas para a nossa costa e zona económica e, sobretudo, para que Portugal possa ombrear lado a lado com os seus parceiros da NATO e em missões de Paz como aquelas que ocupam muitas forças portuguesas por esse mundo fora e este esvaziamento da capacidade operacional da Marinha não é temporário, mas para ficar. A própria Lei da Programação Militar admite que estas fragatas serão substituídas por 2 fragatas holandesas, relativamente modernas, mas insuficientes para as nossas necessidades (faltariam pelos menos mais duas fragatas ou a modernização urgente das corvetas “Baptista de Andrade”). A Lei apresenta como plano:
“a) Na Marinha:
i) Modernização de meia-vida das fragatas da classe «Vasco da Gama»;
ii) Continuação do programa de substituição das fragatas da classe «João Belo»;
iii) Substituição do NRP «Bérrio» por outro reabastecedor de esquadra;”
O que implica que tão cedo não haverá nem mais fragatas nem a substituição dessas vetustas corvetas… Nem para o tão preciso NAVPOL…
Quanto aos submarinos U-209PN/U214 “Tridente”, que custaram mil milhões de euros serão entregues em 2010 e 2011, uma verba que devia ter sido gasta em fragatas ou corvetas modernas, já que não se antevê que sejam meios capazes de cumprir nenhuma das missões que acima listámos e que desde muito cedo nos afirmamos como opositores a esta compra.
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