“O presidente do BCE justificou a opção da sua instituição de manter as taxas de juro da eurolândia inalteradas ao nível de quatro por cento desde o início da crise dos mercados de crédito imobiliário de alto risco (subprime), quando a Reserva Federal americana (FED) baixou as suas seis vezes no mesmo período, situando-as em 2,25 por cento este mês.”
“Se mantivermos as nossas taxas de juro nos níveis actuais é porque acreditamos que correspondem ao que é necessário para manter a estabilidade dos preços a médio prazo”, afirmou, definindo este período de tempo “entre 18 e 24 meses”, “Acreditamos que a política monetária actual contribuirá para atingir este objectivo”.
“Ao invés, frisou, “se tivéssemos reduzido as taxas de juro sem razão do ponto de vista da inflação, estaríamos a pedir aos nossos cidadãos para financiar os bancos
Isabel Arriaga e Cunha; Público; 27 de Março de 2008
Não é difícil de perceber que nos Media existe uma pressão mais ou menos sistemática, mais ou menos subliminar para levar o BCE a baixar as taxas de juro. A Banca está claramente a conter do público e a optar por não expôr o impacto que as suas especulações no Subprime americano desmioladas tiveram nos seus balancetes, isso mesmo foi declarado recentemente pelo G-7… E como o impacto do Subprime dos EUA está a afectar não somente a banca americana, mas a de todo o mundo, e este problema está agora a somar-se o pré-colapso do mercado imobiliário espanhol, mesmo aqui ao lado, e precisamente o nosso maior investidor externo e também o nosso maior parceiro comercial, não é difícil de estabelecer a certeza de que banca lusa cedo estará a clamar por uma descida das taxas, ainda antes que qualquer outra banca europeia (excepto, talvez a espanhola).
É preciso ter cuidado com a descida das taxas de juro. A inflação não é um bem absoluto e sacrossanto, mas em contexto de aumentos explosivos dos preços dos combustíveis e dos alimentos (relacionados entre si, como por aqui já escrevemos) e num contexto de uma inflação já acima dos patamares recomendados não deve ser pressionada ainda mais por um aumento das taxas de juro. Isso poderia facilitar a vida à Banca e limitar algumas das suas perdas por causa dos seus erros dos últimos anos, mas não seria do interesse do resto da sociedade que pagaria assim pelos seus erros. E teríamos uma das situação economicamente mais perigosas que podem ser concebidas: Estagflação: Inflação com Recessão. É isso que queremos? Sim, porque parece ser isso que quer a Banca.
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