Continuação…
Existem algumas semelhantes nas doutrinas de emprego da força aérea entee a China actual e a extinta União Soviética, mas esta última alocava consideravelmente mais recursos à chamada “Aviação Frontal” do que alguma vez o Governo chinês. Isto embora houvessem algumas semelhanças notáveis, como a opção de emprego de aviões diferentes para missões diferentes, de ataque ao solo e intercepção, seguindo o modelo soviético e em contracorrente com a moderna doutrina ocidental que privilegia aparalhos multifunções. Em regra, a força aérea soviética dedicava 40% dos seus aviões de guerra a aparelhos de ataque ao solo, como o Su17 ou Su-25, a China, embora mantenha a doutrinha, dedica muito menos meios a esse papel, alocando pouco mais de 10% do inventário total a aviões de ataque ao solo.
Esta doutrina começou a mudar com a queda do Muro do Berlim, uma vez que a outrora poderosa indústria aeronáutica russa começou a ter dificuldades, já que a força aérea russa vegetava e cancelava todas as encomendas para os anos vindouros. Esta decadência concedeu à China a oportunidade perdida em 1959, com a quebra de relações entre a China Popular e a URSS de retomar os contactos e de recuperar o tempo perdido… Logo em 1990, volvido apenas um ano, surgia a primeira encomenda chinesa para 72 caças Su-27 e a engenharia reversa tornava-se uma das principais actividades sobre estes caças… Pela primeira vez, desde a década de 50, a China tinha capacidade para se opôr aos melhores aviões dos seus vizinhos e esta tendência foi novamente reforçada em 1996 com a compra de mais 200 Su-27. Em 1999, começava a produção local – sob licença – do excelente Su-30MKK, num número que rápidamente chegaria aos 140 aparelhos em operação.
(Caça ligeiro sino-paquistanês FC-1 in http://www.chinatoday.com)
Entretanto, o desenvolvimento do programa sino-paquistansês Super-7 continuava, agora somando tecnologia americana da Gruman a nova tecnologia russa, nomeadamente motores. A força aérea chinesa perdera entretanto o seu interesse – renovada agora como estava pelos novos caças russos Sukhoi – mas o Paquistão manteve vivo o programa encomendo 150 unidades do FC-1. Usando uma variante do motor russo RD-33 do MiG-29.
Conclusão:
A força aérea chinesa (PLAAF) tem actualmente em inventário mais de 2300 aviões, em diferentes graus de operacionalidade e de diversos tipos. Destes, cerca de 450 são aviões de transporte e do todo, perto de 2/3 está estacionada nas regiões mais a este. O programa de actualização – recorrendo a tecnologia russa – em curso desde 1992 introduziu em serviço centenas de aparelhos Su-27 e Su-30, assim como a variante local do Su-27, o Su-27SJ e os novos J-10 – grosso modo equivalentes ao F-16 ameriano – começam também agora a surgir em números apreciáveis. Em suma, estima-se que actualmente perto de três centenas de aviões de primeira linha estejam em operação na PLAAF. É um número apreciável, mas ainda muito modesto para a extensão geográfica e demográfica da China e o facto de mais mil unidades de J-7 e J-8 se encontrarem ainda em serviço mostra bem o grau de abandono a que a PLAAF esteve abandonada até aos anos 90… Em termos de bombardeamento estratégico, a situação é patética… Sem importações russas, a PLAAF teve que requerer a reabertura das linhas de construção do ultrapassado H6 (Tu-16). Entre este panorama, persistem dúvidas quanto à verdadeira modernidade das doutrinas de emprego de forças em vigôr e, sobretudo, quanto ao treinamento e horas de vôo dos pilotos… Em sima, a PLAAF começa a ser uma adversário temível, especialmente nos números e tipos de aparelhos empregues, mas no todo… ainda não passa de um… “tigre de papel”.
(Bombardeiro H-6 (Tu-16) in http://www.chinatoday.com)
(Vídeo com bombardeiros H-6 em exércicio)
Fontes:
Sino Defense
Combat Aircraft, UK, Setembro de 2006
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