(Trailer oficial do filme “The Golden Compass”)
Fui ontem ver o filme “A Bússola Dourada” (The Golden Compass). Sobretudo, e para além do facto de se tratar de um filme passado num ambiente Fantástico, coisa que sempre apreciei particularmente, chamaram-me a atenção as críticas que provocou no seio de alguns grupos cristãos mais fundamentalistas… De facto, não o teria ido ver se não fossem estas, pelo que estive perante mais uma constatação do famoso axioma: “There is no such thing as bad publicity“.
O filme é si mesmo é uma adaptação cinematográfica do primeiro livro de Philip Pullman, nomeadamente da sua série “His Dark Materials“, que francamente não conheço, mas que parece reunir todos os ingredientes para uma (ou várias) boa história… Esta contestação “cristã” faz lembrar algo da contestação em surdina, mas constante a propósito da série Harry Potter e do seu suposto apelo aos ideias Wicca e da Feitiçaria pagã… Se no caso de Potter, a referência parece francamente forçada, no caso deste filme e dos livros que lhe deram origem, parece haver uma certa meada que pode de facto assentar arraias sobre um substrato de crítica não tanto ao cristianismo (não antevi sinais disso no filme), mas na hierarquia católica, e sobretudo, no Vaticano…
A “Liga Católica”, uma organização católica sediada nos EUA publicou uma “Press Release” onde condensa essas críticas e anunciou uma campanha contra o filme e a obra de Pullman:
““New Line Cinema and Scholastic Entertainment have paired to produce ‘The Golden Compass,’ a children’s fantasy that is based on the first book of a trilogy by militant English atheist Philip Pullman. The trilogy, His Dark Materials, was written to promote atheism and denigrate Christianity, especially Roman Catholicism. The target audience is children and adolescents. Each book becomes progressively more aggressive in its denigration of Christianity and promotion of atheism: The Subtle Knife is more provocative than The Golden Compass and The Amber Spyglass is the most in-your-face assault on Christian sensibilities of the three volumes.
“Atheism for kids. That is what Philip Pullman sells. It is his hope that ‘The Golden Compass,’ which stars Nicole Kidman and opens December 7, will entice parents to buy his trilogy as a Christmas gift. It is our hope that the film fails to meet box office expectations and that his books attract few buyers. We are doing much more than hoping—we are conducting a nationwide two-month protest of Pullman’s work and the film. To that end, we have prepared a booklet, ‘The Golden Compass: Agenda Unmasked,’ that tears the mask off the movie.
“It is not our position that the movie will strike Christian parents as troubling. Then why the protest? Even though the film is based on the least offensive of the three books, and even though it is clear that the producers are watering down the most despicable elements—so as to make money and not anger Christians—the fact remains that the movie is bait for the books. To be specific, if unsuspecting Christian parents take their children to see the movie, they may very well find it engaging and then buy Pullman’s books for Christmas. That’s the problem.
“We are fighting a deceitful stealth campaign on the part of the film’s producers. Our goal is to educate Christians so that they know exactly what the film’s pernicious agenda really is.”
Neste comunicado invocam a confissão “ateísta” de Pullman e o objectivo secreto de denegrir o Cristianismo… Bem, não vi nada de tal. Nenhuma referência à simbologia ou iconografia usadas geralmente pelo Cristianismo ou por qualquer uma das suas “seitas”, como aquela que vingou após Constantino e que hoje é conhecida como “Catolicismo”. Exietem referências um certo “Magisterum” que parece reger todo o Mundo conhecido e imopõe a sua doutrina, classificando como “heresias” todos os desvios à mesma. Se isso faz lembrar o Catolicismo aos católicos… Não é um pouco freudiano? Ou seja, a própria revolta contra o mundo fictício da série não indicia que os próprios católicos (pelo menos os membros desta Liga) sente que a “sua” Igreja encaixa demasiado bem na descrição?
De facto, o filme mantêm apenas as referências ao Magisterium como podendo rápidamente ligado à História da Igreja Católica ao longo do tempo… Aliás, o filme parece ter sido severamente editado e manipulado em pós-produção, provavelmente para ser extirpado de qualquer outra referência mais directa e explícita ao Cristianismo. Aliás, o trabalho de edição foi tão intenso que algumas sequências do filme ficaram confusas e o comportamento dos personagens nem sempre é compreensível por isso mesmo… A própria história parece ter sido severamente condensada para caber num único filme, mesmo contando com a sequela que a cena final deixa antever…
Fonte:NY Magazine
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