(A Venus Express ajustando a sua órbita em torno de Vénus in http://www.mssl.ucl.ac.uk)
Embora tenha produzido muito menos notícias de primeira página do que a sua gémea marciana, a Mars Express, a sonda europeia Venus Express completou recentemente dois anos de órbitas em torno daquele que considerado o “gémeo falhado” da Terra, o planeta Vénus. Apesar de operar em condições mais difíceis do que a sua réliica marciana por causa da maior proximidade ao Sol e de receber consequentemente uma muito mais intensa dose de radiação solar, a sonda mantêm-se completamente funcional revelando mais e mais secretos de um dos mundos mais estranhos do Sistema Solar, com temperaturas de superfície da ordem dos 500 graus celsius que as sonda soviéticas da série Venera suportaram estoicamente (ver AQUI).
A Venus Express permitiu aumentar o conhecimento de Vénus, demonstrando que a atmosfera venusiana era muito mais dinâmica do que se pensava e descobriu dois imensos furacões, um sobre cada pólo venusiano, rodando em direcções opostas. A sonda permitiu também identificar emisões de infravermelhos a partir do solo venusiano que possibilitaram a elaboração de um mapa mineralógico da superfície que poderá ser usado no planeamento de futuros landers, como a missão Venera-D russa que a Rússia deverá lançar em 2013.
A Venus Express nasceu da ideia de aproveitar a tecnologia e os métodos já ensaiados com sucesso numa outra sonda, a Mars Express, permitindo uma enorme poupança de custos e um grau de fiabilidade completamente novo pela reutilização. De facto, o conceito de criar sondas espaciais modulares, capazes de executar uma diversidade de missões, com grande incremento de fiabilidade e uma considerável poupança de recursos tem pernas para andar e já está a ser emulado por outras agências espaciais como a NASA. É também certo que a proximidade relativamente idêntica de Vénus e de Marte do Sol e da própria Terra determina que as necessidades das sondas em termos de energia solar e de comunicações são idênticas, e isso potencia a construção de sondas semelhantes. Mas o conceito permanece válido, mesmo para destinos diferentes, uma vez introduzidas as devidas alterações e tendo o “módulo central” a necessária amplitude e flexibilidade. Se o conceito vingar poderemos ter daqui a alguns anos uma flotilha de sondas espaciais, idênticas mas dissemelhantes q.b., cruzando o Sistema Solar, reconhecendo-o e descobrindo, abrindo caminho para a chegada do Homem, e tudo a uma fracção do preço actual e com níveis únicos de fiabilidade e durabilidade…
Fonte:
The Observer
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