“Militares da Somalilândia, território que em 1991 se declarou independente da Somália, ocuparam nos últimos dias Las Anod, capital da zona de Sood e burgo de 100 mil habitantes que desde 2003 se encontrava sob controlo da região autónoma de Puntlândia”
(…)
“A província de Sood é disputada por dois territórios que não respeitam o frágil regime somali. A Somalilândia avisou que, se as tropas da Puntlândia tentarem reconquistar a praça perdida, avançarão ainda mais para o interior da região vizinha.”
Fonte: Público de 17 de Outubro de 2007
Ok. Devo ser só eu, ou então passei por algum Portal desapercebido e estou agora dentro de um daqueles albuns do Tintin com nomes de países fíctícios, tipo Sildávia ou Barataria (para uma lista completa, clicar AQUI) mas é impressão minha ou antes (tipo a semana passada) não havia nenhum país no mapa-mundi com estes nomes? Em primeiro lugar, não é possível encontrar em mapa nenhum algo chamado como “Somalilândia” (pelo menos desde a época da colónia italiana de que se fala AQUI) e tem site oficial e tudo (ver AQUI). De uma forma ou de outra, o certo é que há muito tempo que não existe nenhuma entidade única designada como “Somália” além dos mapas e globos que temos nas nossas casas. O país fragmentou-se pouco depois da morte do ditador Siad Barre em 1991, mas a sua própria existência também não é propriamente muito antiga, já que resulta da união dos dois protectorados britânico e italiano em 1960. A Somalilândia ainda não é reconhecida por nenhum país no mundo, apesar de ser uma das regiões africanas mais estáveis – desde 1991 – e relativamente isenta das características de corrupção, crime e desgoverno que caracterizam tão expressivamente aquilo que ainda é reconhecido por todos como “Somália”. A questão que aqui se coloca é a de saber se devemos continuar a alimentar o dogmático e cego princípio da inalteridade de fronteiras quando este colide com a estabilidade, prosperidade e a própria sustentabilidade de um país. Acreditamos que não, e que aqui, na Somalilândia temos um bom exemplo disto mesmo, tanto mais porque não existe hoje nenhuma entidade capaz de se reclamar como “governo da Somália” que possa conceder a uma parte do seu território, a sua independência! E, aliás, sejamos claros há muito tempo que a comunidade internacional devia ter percebido que uma parte essencial do problema africano está precisamente nas fronteiras artificiais herdadas do colonialismo europeu e – sobretudo – na sua desadequação às realidades sociais, linguísticas e tribais dos países que tentam enclausurar dentro das fronteiras actuais…
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