Segundo Heródoto, quando na Grécia ainda não havia Helenos, essa região era conhecida como “Pelásguia”. O “pai da História” afirma ainda que seria através deste povo que os gregos aprenderam a trabalhar os metais, a construir fortificações e casas e que onde tinham aprendido os seus mitos e os nomes das suas divindades, as quais assim, seriam realmente de origem pelásguica. O investigador albanês Nermin Vlora Falaschi identifica estes pelasgos com os “Povos de Mar” que surgem violentamente na história da maioria das civilizações do Mediterrâneo num dado período do seu desenvolvimento e que tanta perturbação causaram no Egipto faraónico.
Nora Falaschi defende que numa época pré-histórica a língua pelásguica era falada em toda a bacia mediterrânea, uma afirmação que tem tanto de ousada como de pouco fundamentada uma vez que não encontra nem provas materiais nem testemunhos escritos suficientes em seu favor. Arriscando-se ainda mais, N. Falaschi julga encontrar um sobrevivente moderno do Pelásguico no Albanês, que a teriam recebido directamente dos Ilírios, seus directos antepassados desde os tempos da ocupação romana. Levando ainda mais longe as suas extrapolações acaba por encontrar o Pelasgo na raiz da língua Etrusca, uma afirmação ainda mais arriscada que a anterior e com ainda menos substanciação e que tem como única força uma afirmação de Hellanicos de Mithylène que escreveu que os etruscos provinham de um grupo de pelasgos que, tendo desembarcado no Adriático, haviam subido pelo interior até à Toscânia onde acabariam por se estabelecer e fundar a Etrúria.
Para além de julgar que o pelásguico-albanês se encontra na raiz da língua etrusca, Falaschi defende ainda que a invenção do alfabeto etrusco, que se encontra na base dos alfabetos grego e latino, e indirectamente, do alfabeto moderno. Citemos este investigador: “Plínio, o Antigo explica-nos que as letras do alfabeto tinham sido levadas para a Itália pelos Pelasgos, enquanto que Diodoro da Sícilia, contemporâneo de Júlio César, afirma que os Pelasgos espalharam o seu alfabeto, adoptado de seguida em toda a Europa, com evidentemente as adaptações necessárias. Diodoro defende por sua vez que este alfabeto, conhecido como “pelágico”, tinha sido utilizado por todos os poetas pré-homéricos.” Mais uma vez, contudo, não apresenta provas para reforçar a sua arriscada teoria.
Para coroar a sua teoria, identifica o pelásguico-albanês como a língua das inscrições cónias e apresenta algumas tentativas de tradução que apresentam falhas graves nomeadamente na ausência de reconhecimento da fórmula:

que surge na maioria das estelas cónias e na leitura das estelas como poemas, ignorando o seu manifesto carácter funerário no seu afã de identificar o albanês na raiz das suas palavras.
Semelhante à tese de Falashi é a do investigador soviético N. Marr (1864-1934) que defendeu a existência da “Família Jafética”, uma família que a maioria dos académicos contesta e que reuniria o Karvelianês, o Abkhazo-Adyghianês, o Nakhês, o Daghestanês para além de outras línguas hoje extintas da Ásia Menor, assim como o Pelásgico e do Etrusco. Nos últimos anos da sua vida Marr tentaria ainda estabelecer uma relação genética entre esta hipotética família e o grupo indo-europeu de línguas.
Mas Nora Falashi não fora o primeiro a procurar semelhanças entre as línguas albanesa e a portuguesa. Com efeito, Oscar Nobiling já chamara a atenção para a existência de algumas proximidades entre estas duas línguas europeias, citando nomeadamente o exemplo do albanês paitoy com o português peitar, o albanês turp, português torpe, albanês rotula, português rotula, albanês vietere, português antigo vedro e ainda o albanês pül com o português paúl, para além de outros exemplos. Mas Nobiling não responsabiliza um antigo estrato étnico, comum a Portugal e à Albânia e atribuível aos pelasgos e aos “Povos do Mar” como causador destas semelhanças, que efectivamente ultrapassam a pura coincidência. Este linguista acredita que quando César e Octávio levaram as águias de Roma até à Ilíria, berço do moderno albanês, criaram as bases para essa semelhança. Com efeito, a tenaz resistência das populações da Ilíria obrigou à presença permanente de fortes guarnições militares, que poderiam ter incluído contingentes lusitanos ou tropas que poderiam ter passado pela Península Ibérica, o que explicaria estas proximidades. Por outro lado, o albanês pertence, assim como o português moderno, ao ramo das línguas indo-europeias. E é aqui que surge precisamente a maior objecção a esta tese: o ramo albanês da família Indo-europeia só é conhecido a partir do século XV, nada indicando que uma sua forma primitiva fosse falada aquando das invasões dos Povos do Mar. E ainda mais importante, o albanês é hoje indubitavelmente uma língua indo-europeia, precisamente aquilo que o cónio não parece ser, estando mais próximo da família Afro-asiática, grupo norte-africano do que das línguas indo-europeias.
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