“854 milhões de pessoas passam fome, apesar de a produção alimentar mundial ser suficiente.”(…) “Eveline Herfkens, coordenadora da Campanha do Milénio, nomeada pelo secretário-geral da ONU, disse ao Público que será possível atingir os objectivos definidos, a nível global. Porém, algumas regiões ficarão aquém das metas, sendo África e o Sul da Ásia as mais preocupantes.””
De acordo com o relatório de 2007 sobre os progressos para conseguir atingir os objectivos no prazo previsto, a África subsaariana não está no caminho para obter qualquer um dos objectivos”.
Sofia Branco
Fonte: Público de 17 de Outubro de 2007
Graças aos progressos verificados nas últimas décadas nas tecnologias agroalimentares e com o aumento paulatino, mas sistemático da produção alimentar esta terrível constatação é o mais eloquente e cabal demonstrador que o sistema de Economia de Mercado não funciona naquela que devia ser a principal determinação de um qualquer sistema económico, que seria o de distribuir a riqueza bastante para eliminar a Fome.
Não se trata tanto de combater esse grande mal que é a Explosão Demográfica – provavelmente o grande “demónio desconhecido” dos nossos tempos, tão focados no Aquecimento Global e na “Guerra ao Terrorismo”, trata-se aqui apenas de combater o grande problema que é o da distribuição de alimentos, mas de uma forma que não destrua as agricultoras locais, como sucede actualmente quando assistimos ao derrame em África de milhões de toneladas de alimentos a custo zero, excedentários na Europa ou na América e que inundam os mercados locais a custo zero e por dumping arrasam os agricultores locais, incapazes de competir com estes donativos… Enviar alimentos a custo zero não pode ser a solução, se esta destruir a sustentabilidade das economias locais… Sobretudo quando estes excedentes são alimentados a custo de subsídios massivos, como aqueles que a Europa alimenta via PAC… Então como redistribuir, sem aniquilar as economias locais?De qualquer forma, a citação exprime também de forma soberba que a Globalização – ainda que tenha elevado os níveis de vida médios na China e na Índia – está muito longe de ter tido sucesso em África e no Sul da Ásia…
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