
Uma das fontes mais promissoras para biocombustíveis e, sobretudo, para hidrogénio (o chamado “combustível do futuro”) são as… algas. Algumas variedades produzem um óleo idêntico ao da soja, podendo ser usado como biocombustível, mas o trabalho do biólogo Anastasios Melis da Universidade de Berkeley, na Califórnia, indica que as algas podem também produzir hidrogénio. Já se sabia que a maioria das algas produziam hidrogénio durante o seu processo de fotosíntese, mas Anastasios acredita que é possível modificar genéticamente algumas espécies de algas de forma a criar uma forma viável de fabricar hidrogénio.
Os primeiros trabalhos criraram uma alga mutante (hum… dito assim, soa mal, não soa?) que triplico hidrogénio produzido pela alga e, adicionalmente, também aumenta a sua produção de óleo que pode ser usado para biocombustíveis. O grande problema actualmente está em que apenas as algas na superfícies captam a quantidade máxima de luz solar, e logo, as do interior produzuem muito menos hidrogénio e óleo. A solução para conceber um “bioreactor” viável parece residir – pelo menos no laboratório de Melis – na utilização de garrafas com algas, que maximizem a superfície de exposição, em vez dos mais tradicionais, mas ineficientes tanques e no redesenho genético das algas de forma a terem menos clorofila, de forma a que absorvam menos luz e deixem passar mais para as algas que estão abaixo delas.
Actualmente, já existem algumas empresas nos EUA a desenvolverem métodos de produção de biocombustíveis a partir de algas, como a Solix Biofuels e LiveFuels. Ambas as empresas estão a tentar produzir biodiesel para automóveis e aviação através da construção de Fotobioreactores “Photobioreactors” (PBRs) que produzem óleo a preços competitivos (e cada vez mais competitivos, especialmente se o barril de crude chegar mesmo aos 90 USDs nas próximas semanas, como se antecipa). Estes PBRs serão uma forma eficiente e ecológica de produzir biocombustível, de facto mais racional e ecológica que as formas convencionais, especialmente mais do que o hipersubsidiado milho ou que o etanol de cana brasileiro, já que a produção ocorrerá em instalações fechadas e logo, sem risco de contaminação de sementes OGM, sem necessidade de solo agrícola e que usarão 99% menos água do que a agricultura convencional intensiva. Além do mais, podem ser instalados em qualquer local, desde desertos, até ao topo de edifícios de escritórios… Muito mais eficazes que outras fontes de biocombustíveis, já que todo o organismo converte luz solar em óleo, e logo, a mesma área de algas produz mais biocombustível do que uma área equivalente de soja, milho ou cana do açúcar. De facto, uma área equivalente a uma garagem para dois carros produz tanto biocombustível como um campo de futebol plantado com soja… Para se ter uma noção da escala da diferença…
Se o processo para criar uma alga genéticamente manipulada para potenciar a produção de hidrogénio foi cumprido, isto significa que será possível num prazo inferior a cinco anos produzir bioreactores que produzam hidrogénio durante a fase de desenvolvimento das algas, e depois, quando estas estiverem plenamente desenvolvidas, extrair o óleo para biocombustíveis que também produzem. Actualmente, a produção de hidrogénio ainda não é rentável, já que o processo normal de fotosíntese liberta apenas 3 a 5% de hidrogénio, mas os investigadores da equipa de Melis acreditam que este valor pode ser multiplicado, fazendo com que 80 Kg de hidrogénio possam ser produzidos por cada acre de um campo de algas genéticamente modificadas.
Fonte: Technology Review
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