Na entrega entregar da gestão da caça às federações de caçadores, anunciada pelo Governo como sendo uma “mudança radical” estamos perante um fenómeno de absoluta e total demisão do Estado das suas competência a atribuições mais fundamentais. Compete ao Estado monitorizar a Natureza e a sua preservação e entregar aos caçadores a tarefa de indicarem quantos animais podem ser abatidos por ano e em que espécies por ser cometida tal carnificina corresponde efectivamente a entregar à raposa a guarda do galinheiro.
As federações dependem dos votos dos seus associados e não têm interesses conservatórios de médio ou longo prazo a defender. Como caçadores que são não estão preocupados com a manutenção da já escassa diversidade ecológica dos nosso mundo rural, nem na reintrodução de espécies que eles próprios se encarregaram de extinguir nos últimos séculos, como o Lince, o Urso, o Lobo, etc. Como caçadores que são, estão preocupados em destruir o maior número de seres vivos indefesos que fôr possível, no menor espaço de tempo possível. Não querem saber do futuro, nem se deixam o número suficiente de progenitores para criaram a sua próxima geração de vítimas, porque essa é uma questão de Longo Prazo e desse… Não querem saber, ou não teriam exterminado tantas espécies do passado.
Com esta cedência, Jaime Silva comprou alguma pacificação num dos lobbies mais influentes da Sociedade Portuguesa, e onde se movem muitos membros do “Bando dos Quatrocentos” que nos governam ininterruptamente desde o fim da Monarquia nesta ilusão de Democracia Parlamentar que nos rege. Para garantir a adesão dos caçadores à iniciativa liberalizante, o ministro acenou com os euros da taxa “simplex” paga por multi banco… Na prática as federações de caçadores vão organizar campanhas de informação e manter o sistema de informação que produz o inventário do património cinegético, dando assim indicação de quantos animais e de que espécies podem ser abatidas…
“A caça é uma actividade tradicional, desde que o homem existe, e tem problemas de sustentabilidade. O desafio é que as confederações e as federações de caça, municipais, associativas e turísticas, assumam a responsabilidade nessa gestão sustentável”. Afirmou Jaime Silva, esquecendo que esses problemas resultam precisamente da incapacidade dos caçadores para auto-regularem a sua actividade!
Óbviamente, os caçadores acolheram com grande gáudio a proposta, e cantaram loas a mais esta vitória dessa classe heróica que todos os anos arrisca a vida disparando as suas espingardas contra perigosas perdizes, coelhos e o ocasional colega caçador com camuflagem demasiado perfeita:
Fonte: Afro Portal
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