
(http://media.canada.com/reuters)
“As bolsas norte-americanas só recuperaram de uma abertura negra depois da Reserva Federal ter injectado mais de 7 mil milhões de dólares (5 mil milhões de euros) de liquidez.”
(…)
“Os dramas dos mercados financeiros mundiais continuam a ser alimentados pelos temores de que a qualquer momento, grandes bancos com dimensão mundial venham a público revelar que a sua exposição às firmas de crédito de alto risco era um risco elevado. E que podem ter que contabilizar perdas substanciais nos seus balanços pelos investimentos que fizeram no chamado “mercado subprime”.
“Os analistas não têm aberto espaço para muita confiança. Ainda ontem, a Calyon, unidade de banca de investimentos do Crédit Agricole, estimava que a crise do crédito de alto risco pode representar perdas superiores a 100 mil milhões de euros para os investidores de todo o mundo.”
Artigo de José Manuel Rocha
Público de 16 de Agosto de 2007
Embora ninguém saiba exactamente a que escala parece certo que muitos Bancos de grande dimensão, muitas financeiras de pequena e média dimensão, nos EUA e em todo o mundo se deixaram enredar nesta teia dos empréstimos imobiliários de alto risco. De facto, os actuais problema neste sector – que ameaçam propagar-se rapidamente à “Economia Real”, nas próximas semanas residem na crise asiática da década de 90 e nas tentativas tomadas então pelos bancos centrais para a resolverem e que passaran pela redução das taxas de juro. Isto foi particularmente verdadeiro no Japão e levou muito destes investidores a investirem capitais a entrarem nos mercados imobiliários onde os preços eram mais elevados, como a Nova Zelândia, a Austrália, a Espanha e o Reino Unido. Agora, com a crise do Subprime nos EUA, estão a retirar e a transferir os seus investimentos nestes locais para outros sectores e para outros tipos de investimento (como o Ouro), e começam a criar o mesmo problema de excesso de oferta e descapitalização também nestes mercados onde se desenvolveu uma “bolha imobiliária” nos últimos 15 anos… Que agora ameaça estourar, uma ameaça que é aliás reforçada pela persistência no aumento das taxas de juro em que insiste o BCE… Nos EUA os preços do mercado imobiliário continuam em queda livre, e os efeitos no consumo das familias já são visíveis (os números do desemprego também dão sinais de inversão de tendência). Se o consumo privado nos EUA fôr afectado grandemente por esta crise, é de esperar que a Índia e a China, os dois grandes motores de um crescimento mundial de 5 a 6% sejam afectados, já que a economia dos EUA é ainda a maior do mundo, respondendo por cerca de 20% de todo o consumo e sendo o maior importador mundial de produtos manufacturados na China, não é preciso ser um “guru” para perceber que isso vai provocar uma redução drástica das Exportações chinesas e logo, fazer esfumar a prosperidade de uma Economia que ainda está demasiado dependente do fulgor das suas exportações e sobretudo, do crescimento contínuo das mesmas.
Na Europa, as Economias que são mais frágeis a esta tempestade são as da Espanha, onde muitos economistas locais temem desde há alguns anos a explosão de um mercado imobiliário que esteve na raíz dos últimos de crescimento do PIB de Espanha e onde se sabe que existem já hoje demasiada construção (as famílias espanholas são aquelas que no mundo mais casas têm, com um valor médio de 1,5 habitações por família) e a do Reino Unido… Com efeito, a Economia britânica é essencialmente uma Economia de Serviços Financeiros, muito mais sujeita a estas turbulências do que Economias “mais pesadas” como a Alemã ou a Francesa. Apesar de o RU não ter aderido ao Euro, se o seu poderoso sector financeiro fôr afectado pela crise dos Mercados, dada a sua força e peso no Mundo e na Europa é impossível não acreditar que seria então um dos maiores focos de contágio para a União Europeia… Especialmente porque no Reino Unido existe também uma “bolha imobiliária” flagrante… e a à beira da explosão.
Em suma: Estou pessimista! Para variar!
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