“O facto de alguém se reconhecer, por noção própria ou alheia, como ser excepcional, é dos elementos mais corruptores que se podem imaginar para a natureza humana; fatalmente se misturam às relações com os outros as tintas da piedade que, não se confundindo com a caridade, é igualmente dos piores presentes que se podem fazer ao semelhante, ou as barreiras daquela solene distância, que já nos habituámos a considerar perfeitamente normal, da parte do génio ou do simples talento.”
Agostinho da Silva
A democratização das Escolas, no seu acesso e na essência dos seu ensino, pela abertura generalizada das mesmas a todas as camadas sociais foi uma das maiores vitórias da democracia portuguesa, mas produziu também um certo de padrão de nivelamento por baixo, de crítica ao mérito e de facilismo muito sensíveis… Aqueles que se destacam nas suas performances escolares são tidos como “marrões” (nerds nas escolas anglo-saxónicas) e são considerados anti-sociais sendo apenas marginalmente tolerados pelos grupos de alunos menos bem sucedidos e enclausurados em ghettos culturais e sociais que as novelas de jovens da TVI retratam muito bem de forma absolutamente inconsciente e involuntária… Estas excepções são realçadas no seu estatuto excepcional devido a um sistema curricular pesado, rígido e complexo que favorece a memória em lugar da criatividade e da curiosidade naturais em todas as crianças, enquanto que as virtudes da memória só surgem naqueles a quem a natureza dotou com maior generosidade… Importa restaurar um certo “aristocratismo” na regência das escolas, estabelecendo mecanismos de prémio ao mérito (bolsas de estudo e apoios financeiros familiares directos em todos os níveis de Ensino) e reduzindo a carga curricular e reorientando-a para produzir um número crescente de indivíduos excepcionais e cada vez mais livres e criativos, exteriorizando pela via das artes e da criatividade técnica as pulsões negativas naturais a estas fases do desenvolvimento psicológico e social humano.
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