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Por cá, com a celeuma e o encerramento do BTuga e no resto do mundo a pressão das associações dos editores de música e cinema está a alcançar um novo paroxismo, só comparável à crise que assola esta ainda muito lucrativa indústria, mas que deverá reduzir as vendas de CDs a zero nos próximos cinco anos… Assim, os lobbies Motion Picture Association of America, a associação do género mais poderosa e influente do mundo conseguiram levar a polícia a aplicar nesta área uma política de “Tolerância Zero”.
Como em todos os radicalismos, a aplicação cega desta medida está a produzir alguns extremos que seriam ridículos se não fossem tão trágicos… Nos EUA, uma jovem de 19 de anos que assistia ao filme Transformers num cinema da Virgínia com a sua namorada arrisca-se a cumprir um ano de prisão e a ter de pagar uma multa de 2500 dólares depois de ter gravado dez segundos do final do filme. Aparentemente, alguém a viu a usar a câmara digital e chamou a polícia (que teve que abandonar uma muito mais perigosa perseguição a um gang juvenil e a retirada de um gato assassino do alto de uma árvore em troca desta perigosa missão). A jovem alega que filmara apenas estes 10 segundos para os mostrar ao seu irmão mais novo, e de facto, parece que não filmou o filme completo, como sucede com tantos screeners que se especializaram nesta actividade ao ponto de o próprio Seinfled lhes dedicar um episódio inteiro…
Sem dúvida que as autoridades devem perseguir a indústria paralela da pirataria, com ramificação e autênticas linhas de montagem estabelecidas a Oriente e sobretudo na China – autêntica capital mundial da contrafacção – e entre ela, os indivíduos que profissionalmente usam câmaras de vídeo para gravarem filmes inteiros nos primeiros dias da sua estreia para depois os colocarem nessas nebulosas redes (este fenómeno acontece a cerca de 90% de todos os filmes), mas este não é o caso! Está estabelecido que a rapariga não pertence a nenhuma “rede” e que gravou apenas 10 segundos do filme, o que lhe retira toda a possibilidade de uso comercial do extracto… Sem dúvida que não foi acto inteligente, mas possui o devido Dolo (intenção) criminosa merecedora de tal pena? Não me parece…
Para combater a pirataria no mundo do audio e do video o que é preciso é imaginação. Imaginação para encontrar novas formas de vender música e cinema que sejam justas, nos preços propostos, sabendo-se que os níveis babilónicos de preços cobrados por cada album ou em cada bilhete ou DVD originais estão na raíz directa do fenómeno da pirataria e, sobretudo, importa focar esforços e energias sobre as redes para-industrias de fabricação de pirataria e de distribuição que com sede no Oriente contaminam todo o planeta… Se a Arte deve sobreviver e ser remunerada de forma a que possa fazer mais é preciso pagar pelo justo valor e castigar os criminosos. Mas daí a ir atrás de estudantes de 19 anos ou de cada um dos 200 mil utilizadores portugueses da rede P2P Btuga… É comprometer ainda mais a imagem já muito má de uma indústria moribunda e entrar em pleno regime autofágico.
Fonte: Plastic.com
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