
(http://www.missaoboanoticia.com.br)
Estima-se hoje que o PIB do continente africano seja inferior aquele que o continente tinha em 1960… Isto dá uma boa medida do falhanço económico do continente e do fracasso rotundo do mito de “Desenvolvimento” da Globalização pelo menos quando aplicada a este continente. É quando falamos de riqueza, temos que falar também de distribuição de riqueza (um conceito frequentemente ignorado pelos globalistas), e se o PIB africano é hoje comparável ao de 1960, a sua população não é, tendo-se multiplicado por várias vezes, e logo, a riqueuza per capita é muito inferior e a qualidade de vida do africano médio é muito inferior, especialmente se habitar numa das muitas sujas, insalubres e miseráveis megapoles africanas.
África, enquanto continente e enquanto conjunto de países é um fracasso económico. Mesmo os países que melhor desempenho macro-económico e que melhores níveis de vida apresentam estão muito abaixo dos padrões asiáticos e sul-americanos… A responsabilidade por este fracasso generalizado compete em boa medida a uma sucessão generalizada de governos corruptos e ineptos, mas também aos governos ocidentais que os têm apoiado e financiado nestes últimos 40 anos… Para além de Corrupção e Nepotismo massivos e tornados em ideologia de Estado, a responsabilidade pela presente situação pode ser também atribuída a:
1. Um deficiente funcionamento do aparelho administrativo do Estado
2. Clientelismos étnicos generalizados
3. Comportamento não-nacionalista e não-produtivo dos mais ricos
4. Altos níveis de endividamento
5. Falta de propensão cultural para a acumulação de Capital
6. Inexistência de passados históricos de pilhagem e saque sistemáticas, como aquelas que alimentaram a essência dos cofres ocidentais (ingleses e holandeses, sobretudo)
7. Explosão demográfica
8. Existência de famílias demasiado grandes que absorvem a totalidade do escasso rendimento familiar
9. Delapidação descontrolada das riquezas naturais do continente
10. Desertificação e desflorestação com a consequente quebra dos rendimentos agrícolas
11. Estados-nações inviáveis, forjados a esquadro nos gabinetes diplomáticos europeus do século XIX, criando Estados sem identidade nacional e frequentemente imersos em intensos e sanguinários conflitos inter-comunitários
12. Aplicação cega e ineficaz dos modelos europeus de Estado e de Administração Pública, desadequados à realidade tribal e étnica local e ao próprio nível de desenvolvimento económico e democráticos
13. Transição demasiado directa entre administrações coloniais e administrações estatais na maioria dos países africanos
14. Agricultura demasiado dependente de monoculturas, escolhidas em função da metrópole ou da neometrópole e política de preços agrícolas ferozmente adversa aos interesses dos produtores. Inexistência de uma “OPEP” dos produtos agrícolas
15. Desinvestimento na agricultura local, de autosubsistência e para os mercados locais, substituída por monoculturas industriais mais interessantes para os mercados internacionais, mas geradoras de desiquílibrios ecológicos locais e de fomes mais ou menos generalizadas
16. Imposição – através dos Media ocidentais – de padrões de consumo materiais impossíveis de alcanças no actual nível de desenvolvimento dos países africanos, provocando criminalidade e ondas migratórias dos elementos mais jovens e potencialmente mais dinâmicos da população
17. Redes sociais inoperativas devido à explosão social, a dificuldades organizativas e a densas redes de corrupção e nepotismo
18. Custos de transporte rodoviário e ferroviário elevados devido à escassez e mau estado das vias e a níveis de segurança muito baixos
19. Grandes extensões improdutivas, desérticas ou áridas e escassez de grandes rios em grande número de países do continente
20. Sobrepovoamento das cidades africanas e êxodo rural massivo provocado pelas fomes, pela concentração dos apoios humanitários nas grandes cidades e por situações endémicas guerras inter-estados e de guerras civis
21. Fragilidade ou superficialidade das “democracias” africanas, frequentemente fictícias e superficiais e raramente efectivas, já que assentes sobre eleitores muito pouco motivados ou ainda menos esclarecidos e logo, facilmente manipuláveis por demagogos ou por campanhas de marketing político bem organizadas, como aquela que levou o MPLA ao poder, em Angola, nas últimas eleições aqui organizadas.
Esta é a lista daqueles que consideramos serem as maiores razões para o presente estado dos países africanos… Como saberão, o Movimento Quintano propõe coligar numa única entidade supranacional vários países africanos com a União Brasil-Portugal, numa fase posterior, e nestes aqueles onde a língua portuguesa é hoje a língua oficial: Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique. Importa por isso sobremaneira ao projecto de re-fundação de um “Quinto Império” pessoano ou agostiniano recuperar estes países deste infeliz estado de coisas… São estas – neste contexto – as nossas propostas:
1. Reformulação de todas as estruturas administrativas estatais, localizando-as, esvaziando o peso do Estado central e municipalizando ao máximo as estruturas administrativas africanas, de forma a esvaziar as cidades das legiões de funcionários que as habitam, potenciar a criação de riqueza nas comunidades locais e descentralizar o apoio e a rede social do Estado
2. Dividir os Estados-nações existentes em Federações semi-independentes mas conformes às realidades étnicas e linguísticas locais de forma a reduzir a influência de uma dada etnia na administração de um Estado Central
3. Estabelecer forças policiais supranacionais fortes e autónomas que potenciam a perseguição aos fenómenos de corrupção, de fuga ao fisco e impôr mecanismos eficientes de fiscalidade para as maiores fortunas
4. Perdão das dívidas nacionais africanas, desde que estejam cumpridos certos critérios (monitorização de próximos endividamentos e responsabilidade civil sobre os mesmos para os políticos que os assinem)
5. Multiplicação de redes locais de banca local, cooperativa e focada na criação e sustento de PMEs locais
6. Transferências de capitais financeiros, não mais a título de empréstimo, mas de investimentos públicos conjuntos em vias de comunicação e transporte
7. Imposição de mecanismos de incentivo à travagem da explosão demográfica, com inventivos financeiros às pequenas famílias
8. Estabelecimento de forças de defesa conjuntas, que reduzam os actuais níveis de despesa com equipamento militar, pela aquisição de maiores volumes de equipamentos militares e pela potenciação às industrias locais
9. Determinação de regras que determinem o fim dos excessos de explorações mineiras patrocinados pelas grandes multinacionais do ramo mineiro e petrolífero. Nacionalização destes bens e divisão dos mesmos por pequenas e médias empresas, vendidas em hasta pública a empresários locais e a cooperativas de trabalhadores e pequenos proprietários
10. Reflorestação de áreas florestais
11. Estabelecimento de guarnições militares conjuntas nos países sujeitos a maiores problemas fronteiriços com nações vizinhas, de forma a dissuadir e a responder a eventuais aventuras militares por parte destas. Nomeadamente na Guiné-Bissau onde o lento conflito com o Senegal pode degenerar rápidamente.
12. Recentramento das formas de administração nas entidades tribais e de clã locais, “africanizando” a sua natureza e dispersando as instituições puramente europeias, e reduzindo-as à sua margem municipalista
13. Requalificação dos quadros técnicos e administrativos africanos pela via da formação profissional em Portugal e no Brasil ou remotamente através de ciberformação
14. Estabelecimento de vários cartéis de preços para forçarem à subida dos preços dos produtos agrícolas africanos. Supressão da maioria das barreiras alfandegárias que impedem a sua entrada em Portugal e no Brasil, mas dando prioridade e apoio às culturas de interesse local e de subsistência e estabelecendo quotas máximas de ocupação de solos e de produção de forma a reduzir a dependência das monoculturas. Nacionalização e entrega a empresários locais e a cooperativas dos grandes latifúndios agrícolas nas mãos de multinacionais
15. Investimento e apoio à agricultura local e de subsistência, favorecendo a fundação de cooperativas agrícolas de produção e distribuição
16. Desenvolvimento cultural através do estabelecimento de redes de televisão locais e supranacionais que constituam alternativas viáveis aos Media ocidentais e consumistas
17. Estabelecimento de políticas que favoreçam a instalação de um “êxodo urbano”, que devolva as populaçõe às suas terras de origem, criando condições de vida e expandindo a rede social e de apoio humanitário até às regiões mais remotas
18. Estabelecimento de eleições locais e municipais autónomas, favorecendo a aparição de partidos políticos locais e de uma cultura democrática activa, interessada e deslocalizada.
Fonte:
Le Monde Diplomatique; Julho de 2007; edição francesa.
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