(Dom Dinis in http://www.dec.ufcg.edu.br)
Sejamos claros: Agostinho da Silva é um utopista. Não no sentido estéril daqueles que tecem construções mentais com objectivos políticos transversais ou paralelos como Thomas Morus na sua “Utopia” ou como Platão na “República”, mas como alguém que constrói ou re-constrói um edificio mental que acredita poder ser aplicado no mundo concreto, corrigindo injustiças e alcançando para os homens um estado de maior felicidade e realização que o actual… Não se trata de conformismo (um pecado comum a muitos adoradores dos dogmas neoliberais), mas do reconhecimento de um sentimento de revolta perante o actual estado “natural” das coisas e um grito de rebeldia contra o status quo que nos querem impôr como irrecusável e incontornável: A Globalização.
Como todos os utopistas, Agostinho parte de um momento histórico que considera o modelo de “Eterno Retorno” (ver os trabalhos de Mircea Elíade sobre o mito do “Eterno Retorno”), e em Agostinho da Silva esse momento corresponde ao reinado medieval do rei português Dom Dinis, assim tornado em “Idade de Ouro” a que urge regressar… É a este ponto que Portugal deve regressar, para verdadeira e finalmente poder executar a missão pela qual veio ao mundo: a de libertar o Homem das cadeias da opressão que desde que fundaram a primeira cidade, algures na Ásia Menor, lhe tentaram impôr. Nesta concepção utópica do mundo, Agostinho procura encontrar formas de tornar generalizada a Inocência, pela liberdade de todo o Saber exterior e forçado pela Educação castradora e estatizante e pela libertação do Trabalho, uma imposição alienante determinada por sistemas desumanizantes e assassinos de toda a criatividade e logo, da mais importante e determinante característica humana: o Poder Criativo. Agostinho da Silva procura formas de substituir o Trabalho forçado, repetitivo e desprazenteiro por um “trabalho lúdico”, que se cumpre por prazer, paixão e vocação, amplicando os imensos poderes criativos imersos no indivíduo e que possa trazer a felicidade por intermédio da realização pessoal de cada um.
O professor Agostinho (como gostavam de lhe chamar no Brasil) acreditava que era possível viver em comunidade concedendo o primado ao Amor e ao Respeito pelo seu semelhante e pelo seu companheiro de bioesfera: todo o Planeta. Este ideal a uma vez ecológico e e a outra comunitário devia reger a vida desta nova polis, libertária e liberta, simbolizada na alegoria da “Ilha dos Amores” camoniana e pelo “Império do Espírito Santo” das comunidades portuguesas, brasileiras e açorianas, onde os Homens sem perderem as características que fazem deles Homens, somam também aquelas que se atribuem geralmente aos deuses…
Comentários Recentes