
O nosso comentador Xicolopes do BlogVisão num artigo que aqui publicámos sobre uma moeda local, a BerkShares (ver AQUI) chamou-nos muito bem a atenção para uma moeda local lusófona, em circulação no Brasil, e que só expõe… O quanto estes dois países estão de costas viradas um para o outro! Já que nem aqui, por estas paragens quintanas e defendendo ESTAS ideias, tal moeda era conhecida! Obrigado, Xicolopes, pela informação!
Trata-se da “Palmas”, uma moeda local que circula na localidade de um bairro nos arredores de Fortaleza, capital do Estado brasileiro do Ceará. A “Palmas” foi concebida como “moeda social da comunidade” sendo emitida pelo “Banco Palmas” criado pela Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira em 2001 sendo usado por um bom número dos seus quase trinta mil moradores.
O objectivo da “Palmas” é o mesmo de todas as moedas locais: Usar o dinheiro que de qualquer modo circula sempre em todas as comunidades a favor do desenvolvimento local das mesmas e potenciar este retorno incentivando o regresso à própria comunidade da actividade económica produzida nesta. Este objectivo não é potenciado pelo uso de moedas nacionais ou transnacionais (como o Euro), mas pode sê-lo pelo uso de “moedas locais”.
A “Palmas” circula assim localmente, no seio desta comunidade e é ainda usada em programas de micro-crédito para criar ou desenvolver negócios locais aos quais a banca tradicional se recusa a ajudar. A moeda local pode assim desenvolver a comunidade, e preservar para outros usos, extra-comunitários, o uso da moeda nacional brasileira, o Real.
O site do Banco Palmeiras dá um excelente exemplo das capacidades de retorno de uma moeda local:
“Usaremos como exemplo uma obra de construção civil. Quando o dinheiro para uma obra é gasto, existem, pelo menos dois efeitos: um direto – da obra sendo realizada e; o efeito secundário, pois as pessoas que trabalham na obra consomem sua renda em comércios, estes também consomem o dinheiro com seus fornecedores. Os fornecedores da obra gastam seu dinheiro em outros produtos, etc.”
Ou seja, o produto destes recursos financeiros é necessariamente gasto na comunidade onde trabalham, e potencia assim o seu desenvolvimento, de uma forma rápida, imediata desburocratizada…
Municiados com a moeda local, os moradores do Conjunto Palmeira conseguiram outras vantagens adicionais… Como a redução do custo de transporte rodoviário de 1,60 para 1,45 Reais com um acordo com o Sindivans, desde que o pagamento do mesmo seja feito com a “Palmas”. Noutro acordo, foi também possibilitado o uso da “Palmas” na compra de gás, sendo esta moeda aceite pela distribuidora, podendo esta depois cambiar a moeda por Reais no Banco Palmeiras.
E para quem pergunta se isto é legal… pelo menos no Brasil, já que nos EUA já sabemos que o é… A resposta é sim. A Associação de Moradores já inquiriu o Banco Central do Brasil sobre esse aspecto e recebeu uma resposta formal positiva quanto à legalidade da mesma.
Fontes:
http://www.bancopalmas.org/pt/historia_em_quadrinhos_1.html
http://metaong.info/node.php?id=740
http://www.radiobras.gov.br/materia.phtml?materia=230415&q=1&editoria=
Email do Banco Palmas: bancopalmas@uol.com.br
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