(Teste do novo míssil estratégico russo RS-24 in http://www.missilethreat.com)
A Rússia está a testar novos mísseis balísticos que – segundo responsáveis governamentais russos – conseguem penetrar qualquer sistema defensivo, incluindo o polémico “Escudo Anti-Míssil” que os EUA querem montar na Europa Oriental e contra o qual a Rússia tem emitido os mais veementes protestos.
O novo míssil é um MIRV, isto é, um míssil capaz de transportar várias ogivas independentes. O teste demonstrou a capacidade do novo míssil de chegar mais longe do que qualquer outro míssil actualmente no inventário russo. Esta proclamação bombástica é bem característica do espírito russo… E do seu engenho, já que se sabe que os russos estão mais adiantados em tecnologia de foguetes do que qualquer outra potencia no mundo e portanto, podem bem ser capazes de fabricar um míssil mais rápido e com mais alcance do que qualquer outro. Mas a notícia, seja ela um golpe de Marketing ou não, ocorre num contexto muito preciso, no contexto em que os EUA se prepararam para instalar na Europa Oriental um sistema anti-míssil supostamente apontado para a Coreia do Norte, mas que todos sabem ter como objectivo primário reduzir a capacidade russa de resposta balística… É que a Coreia está muito longe da Europa Oriental e actualmente não tem mísseis com alcance suficiente… (ver AQUI) ao contrário da Rússia.
A instalação de sistema de defesa anti-míssil na Polónia e na República checa irrita os russos praticamente desde o primeiro dia em que foi anunciada. Por um lado porque são dois antigos membros do Pacto de Varsóvia, e logo, estas escolhas lembram à Rússia a sua perda de influência na Europa de Leste, por outro lado, são uma demonstração clara de que os EUA encaram a Rússia de hoje mais como uma ameaça do que como uma Aliada, o que é um erro estratégico profundo, já que a Rússia pertence à mesma matriz da civilização Ocidental e pela sua posição geográfica, pela abundância dos seus recursos naturais e pela extensão imensa das suas fronteiras é aliás precisamente a primeira barreira contra o expansionismo chinês que não se vai deter na sua colónia tibetana e mais cedo ou mais tarde vai procurar expandir essa influência pela via armada à Ásia Central, encontrando aí, inevitávelmente… A Rússia. Nesse momento, o Ocidente (tido aqui na sua expressão mais lata que engloba as três Américas, a Europa, a Euroásia e uma parte significativa de África) deverá saber-se aliar-se ao seu aliado natural que é a Índia (eterno rival da China, e logo, potencial aliado do Ocidente) e colocar-se ao lado da Rússia quando esta precisar.
É neste contexto que se insere o desenvolvimento do novo ICBM russo, o RS-24 que foi testado na base russa de testes de Plesetsk e que atingiu o alvo a mais de seis mil quilómetros de distância na Peninsula russa de Kamchatka, no Extremo Oriente russo. O RS-24 foi concebido como o sucessor da extensa, mas muito envelhecida frota de ICBMs russos RS-18 e RS-20 e tem as características que – pelo menos teoricamente – lhe permitem vencer qualquer sistema de defesa balística através da sua velocidade e é um desenvolvimento directo a partir do Topol-M (SS-27) que está a ser entregue às forças estratégicas russas desde 1997. Os russos estão também a desenvolver um novo lançador móvel com a designação “Iskander-M” que deverá entrar em serviço em 2015.
Parece evidente que este esforço renovado da Rússia para actualizar o seu arsenal nuclear estratégico se insere no sentimento de “cerco” provocado pela programa do “Escudo Anti-Míssil” que pretende instalar em torno da Rússia (Polónia e República Checa) os postos avançados de um sistema que pretende anular ameaças vindas da… Coreia do Norte e do Irão…
Fonte: Military.com
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