Num curioso pequeno artigo, o jornal espanhol “El Pais” de 15 de Junho de 2007 constatou que a totalidade da massa monetária em circulação dobrou em Espanha nos últimos cinco anos… A inflação não acompanhou esta expansão que corresponde a 9% do PIB espanhol (a média europeia é de 7%) e levanta apenas uma explicação possível: a expansão explosiva da “economia subterrânea” espanhola.
De facto, se a dimensão da economia paralela era de 19% do PIB em 2002, hoje, esse valor será muito mais elevado… E ligado à presença em Espanha de 12 milhões de notas de 500 Euros, 26% do total emitidos em toda a Europa! Estas notas – cuja própria existência foi inicialmente muito polémica – e sobretudo a sua multiplicação ou concentração num dado país, indica uma estranha e grave disfuncionalidade económica espanhola que só pode estar ligada ao grande motor do boom económico espanhol: a Bolha Imobiliária. Durante muito tempo os preços do sector explodiram em Espanha, e agora estão estagnados, temendo muito o rebentar desta bolha… Lucrando neste processo estiveram os mesmos agentes económicos que propulsaram uma bolha idêntica, mas menor, em Portugal: promotores imobiliários, construtores, donos de terrenos, agências imobiliárias e autarquias, mas também, e de permeio muito branqueamento de dinheiro do narcotráfego e de mafias de várias origens.
A acção perniciosa destes agentes foi facilitada em Espanha pela inexistência de uma política de investigação dedicada ao crime de colarinho branco e à cumplicidade de muitos milhares de advogados e notários espanhóis que transformaram cidades como Marbella e Madrid em verdadeiros paraísos fiscais pela criação de milhares “empresas opacas”, fictícias, e funcionando apenas como formas de “lavagem de dinheiro”.
E em Portugal?… Seremos assim tão diferentes?… Ou…
Fonte: El Pais; 15 de Julho de 2007
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