Segundo um estudo da Universidade de Oxford, 3200 mortes anuais – só no Reino Unido – poderiam ser evitadas se o governo impusesse uma taxa sobre alimentos pouco saudáveis. Esta taxa deveria ser pesada e levaria os consumidores a evitar produtos não-taxados, mais saudáveis e nutritivos do que o leite gordo, hamburgers, bacon, sal, manteiga, açúcar, bolos e tartes.
As virtudes da aplicação de uma taxa deste teor são evidentes: para além de servirem de receita para o Orçamento de Estado, aumentariam o nível de Saúde da população, aliviariam o sobrecarregado sistema de saúde das doenças e mortes provocadas por irregularidades alimentares (uma das maiores causas de problemas de saúde, actualmente no Ocidente) e favoreceriam o desenvolvimento das economias locais, já que a maioria dos produtos afectados resultam de importações ou são produtos da agroindústria de grande escala produtiva. E é possível utilizar adoçantes de substituição em vez de açúcar, reduzir o consumo de carne e assim contribuir para um melhor e mais racional aproveitamento da terra e da água, aumentar a qualidade do meio ambiente reduzindo os consumos mais nocivos para o mesmo e para a nossa Saúde.
É claro que uma medida destas – discutida hoje no Reino Unido – tem aspectos negativos… Em primeiro lugar, o seu primeiro alvo seriam provávelmente as famílias de rendimentos mais baixos, que geralmente, têm hábitos alimentares de pior qualidade que seriam – sobretudo – aquelas onde um pequeno aumento de preços teria um impacto muito mais sensível do que sobre as de mais altos rendimentos… Mas este possível impacto leva à verdadeira questão: O que são os impostos? Será que é legítimo serem usados como forma “punitiva” de corrigir comportamentos e atitudes anti-sociais? Não é isso ao fim ao cabo que se passa hoje com a carga fiscal sobre o tabaco? Alguém nega que um regime alimentar irracional contribui para uma vida incompleta e para um auêntico pesadelo de saúde pública merçê da obesidade (as crianças portuguesas já são das mais obesas da Europa) e de uma multiplicação dos problemas cardíacos?
Assim, é nossa opinião que uma “Fat Tax” faz todo o sentido, tem cobertura ética e é legitimada pelo bem superior que é a nossa Saúde e a dos outros… É claro que o ideal seria bloquear este marketing assassino que as multinacionais da agroindústria nos enfiam olhos dentros por todos os Media possíveis e existentes… É claro que o ideal seria que todos tívessemos os mesmos níveis de Educação e informação suficientes para nos afastarmos destes regimes alimentares assassinos… Mas na falta de um mundo perfeito, é possível estabelecer mecanismos correctivos e a ferramenta fiscal pode ser usada legitimamente para cumprir esse fim.
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