Pouco antes da ofensiva talibã que agora decorre no Afeganistão, no começo de 2006, havia na região de fronteira com o Paquistão mais de 40 mil combatentes islamitas prontos a entrar no território. Eram sobretudo paquistanesas das grandes cidades do sul, mas também havia largos milhares de chechenos, uzbeques e muitos originários das decadentes monarquias do Golfo. Os líderes talibãs esperam usar estas forças, ligadas de uma forma ou de outra, à Al Qaeda contra o governo de Cabul, mas estes pareciam mais empenhados no derrube do governo paquistanês e na constituição de uma república islâmica independente no Waziristão. Então, os líderes talibãs procuram convencer estes combatentes a marcharem para o Afeganistão, tendo o seu líder, o Mullah Omar enviado alguns dos seus melhores lugares-tenente para convencer as forças da Al Qaeda a focaram no Afeganistão as suas forças, o que não conseguiram de forma satisfatória… Datam desta época as primeiras ofensivas governamentais do exército paquistanês neste território, e apenas depois da proclamação desta intenção independentista… E a partir deste momento, o exército paquistanês começa a enviar armas e munições para os talibãs, armando-se e municiando efectivamente a sua ofensiva contra as forças da NATO (que incluem hoje portugueses) no Afeganistão… O Paquistão queria anular a influência local da Al Qaeda, que minava a própria existência do seu governo e a sua integridade territorial e ainda que conhecesse bem o risco dessas armas serem usadas contra os seus “aliados” da NATO, preferiu corrê-los a permitir a implosão do seu controlo nesta região fronteiriça…
Fonte:
Le Monde Diplomatique; Julho de 2007; edição francesa.
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