A Turquia concentrou mais de 200 mil homens, apoiados por blindados, artilharia e helicópteros, junto à fronteira do curdistão iraquiano… A concentração surge num momento muito específico, em que se preparam eleições na Turquia e poderá ser a antecipação de uma extensa operação militar no interior do norte do Iraque, atrás dos refúgios do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão)… A Turquia poderia assim comprometer uma das raras regiões iraquianos onde a paz e o desenvolvimento se parecem ter instalado e retirar aos seus aliados norte-americanos o seu maior apoio local: os curdos, vivendo uma independência “de facto”, no norte do Iraque, sob o apoio e a protecção das armas americanas e sobre a tolerância incomodada de um governo de Bagdad mais preocupado em enfrentar o caos e a dissidência no centro e no sul do País…
É verdade que o conflito de guerrilha na Turquia oriental se agravou nos últimos meses, com a morte de 111 militares e polícias turcos, contra a de 109 guerrilheiros e que a presença estimada de mais de 3000 guerrilheiros do PKK em bases no norte do Iraque irrita os turcos… Mas irrita ainda mais a perspectiva de o norte do Iraque poder afirmar-se como um pólo de independência para os seus quase 18 milhões de curdos…
De permeio, a Turquia mantêm a ocupação de uma base militar no norte do Iraque, no aérodromo de Harir, guardada por mais de mil homens e alguns blindados, para grande incómodo do governo iraquiano, que já expressou várias vezes o seu desejo em ver esta força abandonar o seu território, o que a Turquia sempre recusou em flagrante violação do Direito Internacional e numa atitude “imperialista” que infelizmente caracteriza bem a forma de estar otomana nesta região.
Fonte: El Pais; 15 de Julho de 2007
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