Como saberão aqueles que mais frequentam estas paragens da Internet lusófona conhecida pelo nome de “Quintus” alimento desde há algum tempo as minhas dúvidas sobre a validade da opção Etanol como substituto do Petróleo (Gasolina ou Diesel)… A indústria petrolífera parece ter parado negado tão assertivamente a existência de um “Pico Petrolífero” e procura converter-se rápidamente para outras fontes de energia, como tem feito a BP com a sua nova orientação “verde” (ver AQUI) e muitas outras empresas e investidores como George Soros (obrigado ao Golani pelo alerta AQUI publicado). As petrolíferas procuram assim novas fontes de rendimentos no momento em que o petróleo está a dar as últimas…
E uma das opções mais fortes da actualidade são os biocombustíveis, na forma de biodiesel ou Etanol… Especialmente no Brasil, dado o rendimento local da cultura da cana do açúcar.
Mas alguns estudos lançam cada vez mais dúvidas sobre este panorama… Um estudo conduzido pelo investigador brasileiro David Pimentel, professor de ciências ecológicas e agricultura da Universidade Cornell, nos EUA e por Tad Patzek, de Berkeley, defendem que o retorno energético por cada unidade de combustível fóssil é de 0,778 no metanol do milho (comum nos EUA), de 0,63 no etanol da madeita e de 0,53 no biodiesel da soja (EUA). Estes espantosos números resultam do somatório de toda a energia necessária para produzir uma unidade de etanol, desde a das máquinas empregues no cultivo, até ao transporte e transformação industrial. David Pimentel alerta também para o facto de que a multiplicação de campos de cana ou milho para produção de etanol vai multiplicar necessáriamente o consumo de pesticidas e fertilizantes, assim como o de água e logo agravar a contaminação das águas e a sobreutilização dos solos com as consequentes perdas de rendimento e aumento da erosão dos solos…
Na verdade, todo este movimento para o Etanol e para os biocombustíveis cheira mal… Cheira a influência e aplicação do imenso poder da indústria automóvel, ansiosa por fazer absorver os seus excedentes de produção apoiando assim a renovação da frota de perto de um bilião de automóveis que há no mundo e substituindo-a por veículos capazes de consumir biocombustíveis e não híbridos, já que estes serão mais caros e logo, exigirão uma margem de lucro mais contida… Como aliados, contam com as ultra-poderosas petrolíferas, perfeitas conhecedoras do “pico petrolífero” que agora se vive e investindo em força no Etanol brasileiro e noutros biocombustíveis por todo o mundo, procurando formas de sobreviver ao fim do petróleo que se avizinha… Para dominar estes novos combustíveis têm capitais e redes de distribuição monumentais e aptas para aniquilar qualquer concorrência que se lhes possa deparar… Aliados a este “Eixo” contam-se ainda as multinacionais do ramo alimentar como a turva “Monsanto”… Que já controlam a produção de Etanol nos EUA e que se preparam para entrar em força no mercado brasileiro, aniquilando e comprando todos os pequenos e médios produtores que aqui ainda são o essencial do sector. E de novo descortinam novas oportunidades para fazer singrar os transgénico e aquelas imorais “sementes auto-destrutivas” que tão recentemente foram proibidas pelo Parlamento canadiano…
Estes três Eixos que promovem o movimento para os Biocombustíveis (indústria automobilística, petrolíferas e agroindustrias) estão agora a pressionar os governos do mundo para que estes desçam as barreiras alfandegárias que dificultam a circulação dos biocombustíveis e que estabeleçam incentivos fiscais que promovam a renovação da frota automóvel e a substituição da rede distribuidora de combustíveis… Com financiamento dos nossos impostos, bem entendido e usando da influência que têm e que resulta dos financiamentos das campanhas partidárias.
-Também a mim me assusta esta ideia do biocombustível, quando se recorre a produtos alimentares. – Já hoje nos vemos confrontados com a falta de água doce , com o esgotamento dos solos com a poluição do que resta das águas dos nossos rios e das reservas de água no Subsolo .
-Esta opção dos biocombustíveis, produzidos a partir de alimentos é um crime de lesa humanidade.
-Penso que se deveria utilizar a tecnologia dos biocombustíveis sim: mas na reutilização dos desperdícios produzidos pelas pessoas no seu dia a dia .
-ex: óleos alimentares que depois de utilizados se deitam fora, restos de alimentação que seguem o mesmo caminho e tudo o lixo orgânico que hoje é incinerado ou mesmo deixado em aterros.
Rui: Apoio totalmente o teu ponto de vista.
Tenho aliás já referido os elevados custos (financeiros e ambientais) envolvidos na produção do etanol. E volto a afirmar que a queima simples do etanol polui praticamente o mesmo que a dos derivados do petroleo (vejam que ainda não somei os custos ambientais na produção).
Sei que não sou especialista e gosto de ouvir e ler as opiniões sobre este assunto, sou sincero quando digo que não me parece que este deva ser o caminho que o mundo deve levar.
Gostava também muito que o Golani consegui-se fazer-me mudar de ideias (para ver se eu saio desta onda pessimista), mas até agora está dificil.
Bom, este post. Muito bom. Questiona muito bem muita coisa que se deve questionar. E concordo também com os comentários que acertam no que interessa.
“As petrolíferas procuram assim novas fontes de rendimentos no momento em que o petróleo está a dar as últimas…”
não, não está! o problema é esse
não tens alternativa ao oil, com uma oferta estagnada e uma procura crescente o único caminho dos preços é para cima
é uma subida baseada em fundamentais e não um spike nos preços como em 73
lembrar que oil não é apenas combustível para automóveis, mas tb para aviões navios. comboios e mas tb matéria prima para produção de plásticos (olhem à vossa volta e vejam a importância dos plásticos), químicos e outras aplicações
não é fácil arranjar um substituto
o oil mesmo a estes preços ( e acima) continua a ser a melhor alternativa pq continua a ter o melhor rácio EROEI (Energy return on Energy invested) comparativamente a outras energias, se bem q as estes preços algumas alternativas começam já a ser viáveis em termos económicos
a agora não é apenas a viabilidade económica q se tem q considerar mas tb a “viabilidade ambiental” (emissão de CO2)
Um estudo conduzido pelo investigador brasileiro David Pimentel, professor de ciências ecológicas e agricultura da Universidade Cornell, nos EUA
as conclusões do estudo vão em linha com estudos anteriores, e eu já tinha escrito isso neste blog mais do que uma vez: o etanol “americano” (à base de milho) não é viável em termos de EROEI, e apenas sobrevive pq é subsidiados pelo governo americano e têm barreiras alfandegárias ao etanol “brasileiro” (50 cts / gallon creio)…..as razões parecem-me de ordem politica: a produção do milho está concentrada num nº reduzidos de Estados que têm na agricultura a sua actividade principal, desse modo os agricultores estão contentes, logos os votos garantidos (a nível estaduaa e federal)….como estes estados são importantes para as primárias q se aproxima ninguém parece estar mt interessado em discutir este assunto ..Rep ou Dems
agora o etanol “brasileiro” à base de cana de açúcar é viável em termos de EROEI, já o usam há uns 30 anos, as infraestruturas e os veículos estão adaptados a etanol ( “flex” ), o Brasil é independente em termos energéticos e o desejo do governo brasileiro e das empresas brasileiras do sector é usarem o know how e capacidade de produção para exportarem o etanol em grande escala …. tornar o Brasil uma Arábia Saudita “verde”
dai que o Soros esteja a investir no Brasil e não no USA
Cheira a influência e aplicação do imenso poder da indústria automóvel, ansiosa por fazer absorver os seus excedentes de produção apoiando assim a renovação da frota de perto de um bilião de automóveis que há no mundo e substituindo-a por veículos capazes de consumir biocombustíveis e não híbridos, já que estes serão mais caros e logo, exigirão uma margem de lucro mais contida…
lembra-te que os híbridos tb consomem oil, os consumos não assim tão reduzidos …. os híbridos actualmente ainda são uma moda politicamente correcto
os estudos sobre isto indicam que a conversão não é um problema significativo: a frota automóvel existente podes funcionar com uns 10% de etanol sem problema, e no mercado americano pelo menos 8% dos automóveis já podem circular com E85 (85% etanol)
os consumidores americanos continuam a comprar carros a gasolina mas estão mais sensíveis ao factor “economia de combustível” dai que os SUV´s e pick ups tenham tido uma grande queda (o q deixou a GM e a Ford em maus lençóis) em preferência por carros mais económicos (japoneses, europeus…)
o sector automóvel é bastante competitivo, se as marcas falham em ler os “sinais” dos consumidores podem ficar em maus lençóis …as 3 grandes americanas estão actualmente numa situação financeira mt delicada….as empresas de automóveis mais poderosas actualmente são japonesas
… onde os custos são significativos, e implicaria um grande investimento, é na Distribuição….há construir/adaptar novas infraestruturas: pipelines, depósitos, bombas pq o etanol é mais corrosivo
Como aliados, contam com as ultra-poderosas petrolíferas, perfeitas conhecedoras do “pico petrolífero” que agora se vive e investindo em força no Etanol brasileiro e noutros biocombustíveis por todo o mundo, procurando formas de sobreviver ao fim do petróleo que se avizinha
as oil companies não estão a investir em força no etanol brasileiro
não têm razões para isso, fazem mais dinheiro com o oil
o oil continua a ser superior ao etanol e não se deslumbra um substituto ao oil brevemente
atenção que o fim do petróleo não se avizinha…o q está no fim é a era do petróleo barato!
continua a haver muito petróleo….só que ainda não é viável explorá-lo….mas se os preços continuarem a aumentar essa viabilidade materializa-se….o Canadá, em oil sands tem mais mais oil q a Arábia Saudita
Estes três Eixos que promovem o movimento para os Biocombustíveis (indústria automobilística, petrolíferas e agroindustrias) estão agora a pressionar os governos do mundo para que estes desçam as barreiras alfandegárias que dificultam a circulação dos biocombustíveis e que estabeleçam incentivos fiscais que promovam a renovação da frota automóvel e a substituição da rede distribuidora de combustíveis…
esta tua conclusão final parece-me um pouco puxada…do trio..pelas razões q indiquei em cima
e barreiras alfandegárias é o governo brasileiro e as empresas brasileiras que pedem o seu fim
os pioneiros dos bios combustíveis é o Brasil e a Suécia…não é algo novo… eles parece bastante satisfeitos com a escolha
antónio sousa (11:51:37) :
-Esta opção dos biocombustíveis, produzidos a partir de alimentos é um crime de lesa humanidade.
-Penso que se deveria utilizar a tecnologia dos biocombustíveis sim: mas na reutilização dos desperdícios produzidos pelas pessoas no seu dia a dia .
-ex: óleos alimentares que depois de utilizados se deitam fora, restos de alimentação que seguem o mesmo caminho e tudo o lixo orgânico que hoje é incinerado ou mesmo deixado em aterros.
isso seria o etanol celulósico…o santo graal
produzir etanol através de enzimas,
permitiria produzir etanol em grande escala de uma forma mais eficiente e usando diferentes matérias-primas
o etanol de milho só usa 10% da planta…o resto é desperdiçado
os problemas são:
o custo de processamento (2,25 gallon)…não é viável
dispêndio de energia e custos para recolher e transportar as matérias para centrais
uma outra coisa acerca das petrolíferas:
a nível mundial 25% do oil ( 50% no US) é para satisfazer a procura de gasolina
se o etanol substituir a gasolina, isto teria um impacto significativos nos preços de oil
e teria transformações geo-estratégicas bastante importante:
os países que mais beneficiariam seriam aqueles com fortes sectores agrícolas: USA, Brasil, México, Argentina, França….possivelmente Africa
e os mais prejudicados seriam aqueles que estão dependentes do oil como principal fonte de rendimento: Arábia Saudita, Irão, Venezuela…
o etanol é uma ameaça ao sector petrolífero
Concordo em absoluto com os v/comentários.Que herança vamos deixar aos n/descendentes? BOAS FÉRIAS Rui. ABRAÇO.
Os biocombustiveis não são de facto a solução. Fala-se de sistemas que permitam criar motores autosuficientes em energia, carregando-se à medida que rolam na estrada, um pouco como já acontece com os carros HDI, mas mais eficientes. O futuro é não haver combustivel e posto de abastecimento.
Eu já aqui tinha comentado acerca deste assunto. A coisa è que a agricultura hoje è baeada no petroleo, a azoto usado como fertilizante è um subproduto do petroleo, o combustivel para as máquinas è produto do petroleo, As matérias primas de grande parte dos fitofarmacos são produtos sintetizados a partir de excedentes do petroleo. (Não è nada de admirar, visto que até o ipobrufeno vem do petroleo).
Eu gostava de ver as contas do biodiesel, o conseguido a partir de reacção de òleo vegetal com um alcool em transesterificação ou o conseguido por processos mais simples. as contas que incluissem os preços(energéticos) de fertilizantes à base de ureia animal ou de outra fonte não petrolífera, que contassem com a energia electrica dispendida no processo de sintese, a energia necessária para sintetizar os catalizadores, e que contassem com a disposição dos resíduos. Lembrem-se que o petroleo hoje já praticamente não deixa residuos sólidos, já que até o alcatrão è usado, mas para o biodiesel seria precisos alguns anos até chegar a essa sofisticação.
Uma das coisas que nos ensinariam na escola se o nosso sistema de educação valesse aquilo que custa seria: “Energia não pode ser criada ou destruida, apenas transformada”.
Mas já agora quanto às areias betuminosas que o golani mencionou. A razão porque não se têm usado não è só o preço baixo do petroleo, partilham o problema do biodiesel em que será uma industria com pouco rendimento energético mas muito poluente. Além que os melhores depósitos já foram usados no passado.
http://en.wikipedia.org/wiki/Oil_shale
http://en.wikipedia.org/wiki/Tar_sand
Food FightThe case for turning crops into fuel.
By William Saletan
Posted Saturday, July 7, 2007, at 7:32 AM ET
Just when you thought George W. Bush and Fidel Castro were dead—one politically, the other literally—they’re back at it. Their new fight is about biofuel, the conversion of living things into liquid energy. One president says it’s an assault on nature and humanity. The other says it’s an agricultural revolution that will liberate the masses. Bush is the revolutionary. Castro is the reactionary.
Bush has been evangelizing for biofuel since he lost control of Congress last year. Castro has been attacking it since he returned from surgery this spring. “Transforming food into fuels is a monstrosity,” Castro wrote two months ago in a series of angry essays. He said it would devour the world’s food supply, “killing the poor masses through hunger.”
Castro’s argument has gained widespread support. The Economist declared (subscription required) that “Castro was right” and faulted Bush’s “unhealthy enthusiasm for ethanol.” Foreign Affairs published a long article titled, “How Biofuels Could Starve the Poor.” On July 4, the U.N. Food and Agriculture Organization and the Organization for Economic Cooperation and Development warned that “increased demand for bio-fuels … could drive up world prices for many farm products.” In a visit to Havana, the director of the U.N. Environment Program echoed Castro’s concerns.
The critics are right about several things. Corn-based ethanol isn’t very economical or environmentally helpful. It inflates food prices, and it’s propped up by foolish subsidies and tariffs. But to write off biofuel is to miss the forest for the trees—or, in this case, the grassland for the corn. Enthusiasm for ethanol isn’t the problem. It’s the solution.
Biofuel is our next logical technology. We’ve had an agricultural revolution, an industrial revolution, and an information technology revolution. Now, we’re putting them together to harness the power of life. Ecologically, it’s ideal: a fuel that literally grows on trees.
But biofuel has aroused the same fears as free trade, with a twist. The argument against free trade was that people in poor countries would underbid and take jobs from people in rich countries. The argument against biofuel is that people in rich countries will outbid and take food from people in poor countries. The old buzzword was job security. The new buzzword is “food security.”
What critics of free trade forget is that people in rich countries aren’t just producers; they’re consumers: Competition from poor countries drives down wages but compensates by lowering prices. Conversely, what critics of biofuel forget is that people in poor countries aren’t just consumers; they’re producers. Crop purchases by rich countries drive up prices but compensate by driving up incomes. Castro says turning food into fuel is a “waste,” but that’s not true. Fuel helps make food available and affordable.
Castro thinks the very idea of making fuel from food is “diabolical.” But using food for fuel wasn’t Satan’s idea. It was God’s. Fuel is the whole point of food. That’s why edible crops such as corn and cassava are also easy ethanol sources: They’re loaded with energy-bearing starch.
Biofuel doesn’t feed people directly. But we’ve been diverting food from direct human consumption since we domesticated animals. Most of the corn we export today feeds livestock, not people. Two months ago, a U.N. report calculated that one-third of the increased demand for food over the next 30 years will come from people shifting their eating habits to meat and dairy—a net loss of dietary efficiency—as they become able to afford it. I don’t see Castro complaining about that diversion. In fact, he worries that biofuel is taking land from “producers of beef cattle.” Evidently, he’s suffering an irony deficiency.
Castro says Bush insists that biofuels “must be extracted from foods.” That’s false. Bush points out that corn is an inefficient ethanol source. In its place, Bush touts sugar cane, wood chips, and switchgrass. Such “cellulosic” ethanol could lower the output of greenhouse gases and deliver up to six times as much energy as its production requires.
If you want to help poor people, biofuel beats the heck out of oil. In a biofuel economy, the chief asset is open land. Who has open land? Poor countries. Latin America has sugar cane. Africa and Asia have cassava. Switchgrass, which grows in dry regions, will level the playing field further. Bush says switchgrass will empower the Western United States. That’s nice, but the real story is that it’ll empower the Southern Hemisphere.
What makes Castro and other radicals so conservative about biofuel? The same thing that troubles Bush about human embryo research: the industrialization of biology. For the right, the chief concern is humanity. For the left, it’s nature. That’s why Castro worries that genetic crop modifications by ethanol conglomerates will unleash “transgenetic contamination” and put “food production at risk.”
True, biotechnology can go wrong. But it can also go wonderfully right. Scientists are learning to split corn so it can make ethanol and still feed animals. We’re studying the use of microbes to extract fuel from straw and wood waste. We’re trying to grow biofuel in algae. We’re even learning to make fuel from animal fat and excrement.
Yes, ethanol subsidies are a scam. Yes, we should drop our trade barriers and let Brazilian sugar cane wipe out American corn. Yes, we need solar power, conservation, and efficiency. But don’t give up on biofuel. It just needs time to grow.
in http://www.slate.com/id/2169867/nav/tap1/
Produtores de biocombustíveis criticam negócio entre Galp e Petrobrás
20-07-2007 18h19 – Por Lusa
Os produtores e transformadores portugueses de biocombustíveis criticam a política energética do Governo, dizendo que o negócio de biodiesel entre a Galp e a Petrobrás não reduz a dependência energética e encarece o preço dos combustíveis.
Em comunicado, a associação portuguesa dos produtores e transformadores de biocombustíveis diz que “a política do Governo é aberrante e cria condições de concorrência desleal aos produtores face ao gigante Galp”.
A Galp Energia e a Petrobrás assinaram em Maio um memorando de entendimento para a formação de uma “joint-venture” para a exploração de negócios na área dos biocombustíveis, que poderá vir abastecer Portugal de 300 mil toneladas de biodiesel.
Na altura, o presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, afirmou que as duas empresas estavam a iniciar um estudo que poderia levar a “uma parceria material” capaz de produzir 600 mil toneladas de biocombustível por ano.
Preço no Brasil mais caro que combustível importado
Dessas 600 mil toneladas, Ferreira de Oliveira admite que 300 mil se destinem a suprir as necessidades do mercado interno, para cumprir o objectivo de incorporar dez por cento de biocombustível nos combustíveis rodoviários até 2010.
A Associação de Produtores de Biodiesel vem agora dizer que este acordo pressupõe a compra de biodiesel por Portugal no Brasil, a um preço que vai custar mais do que o actual combustível importado.
O negócio em causa implica que o Estado português esteja apenas a substituir a dependência energética do exterior de um produto por outro, refere a mesma associação, sublinhando que a importação do biodiesel corresponde a comprar um produto acabado, não havendo, por isso, lugar à criação de mais-valia no país.
“O Governo está a colocar Portugal numa situação de maior dependência, a pagar mais caro por um produto que poderia (pelo menos em parte) produzir no país, com a vantagem de criar cá emprego”, dizem os produtores de biodiesel.
O Estado português é accionista da Galp Energia.
Bem… Ou seja, diversificamos, mas a um preço superior… Diversificar é bom, mas continuo céptico quanto a estes biocombustíveis (menos em relação ao biodiesel do que em relação ao etanol, de qq maneira). Produzir localmente… Como? A partir do milho? Mas o balanço energético desta produção não é negativa e apenas sustentável a custo de subsídios, como nos EUA? E o decorrente encarecimento do preço do milho para alimentação?… Tb não é de temer?
Publicado 23 Julho 2007 11:11
Investimento de 140 milhões
Idanha-a-Nova capta primeira fábrica europeia de bioetano
A Global Green, uma plataforma internacional dedicada à promoção de biocombustíveis e energias renováveis, quer construir em Portugal a primeira fábrica europeia de bioetanol a partir de cana do açúcar.
O objectivo dos promotores é construir já em 2008 uma unidade de produção em Idanha-a-Nova, num investimento de 140 milhões de euros.
O projecto, que pressupõe a criação de, no mínimo, 70 postos de trabalho especializados, já foi apresentado ao Governo como um PIN (projecto de interesse nacional), mas ainda não recebeu “luz verde” para avançar da AICEP – Agência Portuguesa para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.
A ideia da Global Green é aproveitar as antigas terras de produção de tabaco para fazer crescer cana-de-açúcar e tirar partido da experiência para lançar projectos semelhantes noutros países europeus. Os promotores pretendem que a produção da matéria-prima (cana-de-açúcar) – que já começou a nível experimental numa área com quatro hectares – arranque ainda já ano.
“Temos vindo a estudar uma variedade de cana que é originária da região da Papua Nova Guiné e que, apesar de nos encontrarmos fora das latitudes habituais desta produção, está a revelar resultados bastante positivos”, disse ao Ambiente Online, José Monteiro, investigador da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, uma das entidades ligadas a este projecto, que contou também com o apoio da comunidade científica da Índia.
Portugal deverá ter, em 2010, uma produção de 1,5 mil milhões de litros de biocombustíveis. Este valor excede as quantidades fixadas pelo Govero de 10%de incorporação de “combustíveis verdes”, mas que deverá implicar um maior rateio quanto à isenção do imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) entre os interessados em desenvolver projectos na área. Nalguns casos pode significar a inviabilização de projectos.
Estou curioso, sempre quero ver no que isto vai dar. 😉
Vivo na Covilhã (60 km de Idanha-a-Nova) e já tinha ouvido falar disto, na “verdade” as explorações agrícolas que supostamente vão produzir esta cana são as mesmas que vêm produzindo tabaco à alguma décadas com doses brutais de subvenção estatal e europeia. Quer-me parecer que a produzir esta cana os donos das explorações estão a contar com mais uns cobres do bolso dos portugueses.
Nota: Conheço alguns destes “agricultores” são poucos aqueles que têm vergonha na cara, a maioria é subsidio dependente (aparecem tantas vezes nas manifs), e contudo vivem muito bem, e gostam ainda de se gabar da sua Chico espertice…….
também eu! Pensava que a Cana não se dava em climas tão temperados como o nosso!… a Papua não tem um clima tropical? Estou muito céptico quanto à viabilidade deste cultivo, mas eles lá terão eng agronómos que sabem o que fazem… e sim, tb conheço uns quantos agricultores que retiram tanto dos subsidios agrícolas como das suas próprias explorações… enfim… mas o problema é o baixo custo com que os produtos agricolas entram cá, tb eles muitas vezes ferozmente subsidiados…
Bem, a cana era historicamente cultivada por todo o mediterrâneo. Até terem percebido que os rendimentos no novo mundo eram muito maiores.
Sim, creio que até no Alentejo era cultivada… Por escravos negros e antes deles, por escravos muçulmanos da reconquista… Os antepassados dos tais “negritos do alentejo” ou do sado de que ainda hei-de falar na categoria da “Escrita Cónia” que ainda hoje podem ser encontrados no concelho de Santiago do Cacém e dos quais descendo…
September 26, 2007
RETHINKING RENEWABLES
Biofuels ‘Emit More Greenhouse Gases than Fossil Fuels’
A team of researchers led by Nobel-prize winning chemist Paul Crutzen has found that growing and using biofuels emits up to 70 percent more greenhouse gases than fossil fuels. They are warning that the cure could end up being worse than the disease.
Biofuels, once championed as the great hope for fighting climate change, could end up being more damaging to the environment than oil or gasoline. A new study has found that the growth and use of crops to make biofuels produces more damaging greenhouse gases than previously thought.
German Nobel-prize winning chemist Paul Crutzen and his team of researchers have calculated the emissions released by the growth and burning of crops such as maize, rapeseed and cane sugar to produce biofuels. The team of American, British and German scientists has found that the process releases twice as much nitrous oxide (N2O) as previously thought. They estimate that 3 to 5 percent of nitrogen in fertilizer is converted and emitted, as opposed to the 2 percent used by the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) in its calculations.
Crutzen is widely respected in the field of climate research, having received the Nobel Prize in 1995 for his research into the ozone layer. The study, published in the scientific journal Atmospheric Chemistry and Physics, finds that the growth and use of biofuels produced from rapeseed and maize can produce 70 percent and 50 percent more greenhouse gases respectively than fossil fuels.
“One wants rational decisions rather than simply jumping on the bandwagon because superficially something appears to reduce emissions,” Keith Smith, a professor at the University of Edinburgh and co-author of the study, told the London Times.
The findings come in the wake of an OECD report earlier this month, which warned against rushing to grow reneweable energy crops because they cause food shortages and damage biodiversity while producing limited benefits.
The growth of corn for ethanol in the United States has already overtaken its cultivation for food, while in Europe the main biofuel crop is rapeseed.
http://www.spiegel.de/international/europe/0,1518,508089,00.html
Já tinha lido algo semelhante sobre isso. De facto, cada vez sou menos crente no biocombustíveis… O aumento do preço dos produtos alimentares, a questão de Saúde (parecem ser mais perigosos que os produtos fabricados a partir do petróleo), o aumento do consumo de água e pesticidas…
Enfim, tudo isso (e mais) me torna descrente nesta opção da moda.
Poderá ser ainda uma solução intermédia, mas o foco deve permanecer na Redução e na busca de outras formas de combustíveis… (o hidrogénio e a Solar, onde têm sido feitos grandes progressos ultimamente)
Pois é, curiosamente já tinha referido aqui pelo movv este custo ecológico e logo também económico da produção de Biocombustives.
Aliás existe um estudo de uma universidade espanhola (não me recordo qual, mas vou tentar ver aqui pelo meu arquivo) que já alertava para esta “realidade”.
o problema é que começa a haver um lobby muito poderoso a movimentar-se a favor dos biocombustíveis… e este ganha mais força à medida que os preços do crude sobem… e o resto que se lixe, p.ex. os comedores de tortilha mexicanos…
Será verdade?
http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/2244017/Biofuels-to-blame-for-75-per-cent-increase-in-price-of-food.html