Como saberão aqueles que mais frequentam estas paragens da Internet lusófona conhecida pelo nome de “Quintus” alimento desde há algum tempo as minhas dúvidas sobre a validade da opção Etanol como substituto do Petróleo (Gasolina ou Diesel)… A indústria petrolífera parece ter parado negado tão assertivamente a existência de um “Pico Petrolífero” e procura converter-se rápidamente para outras fontes de energia, como tem feito a BP com a sua nova orientação “verde” (ver AQUI) e muitas outras empresas e investidores como George Soros (obrigado ao Golani pelo alerta AQUI publicado). As petrolíferas procuram assim novas fontes de rendimentos no momento em que o petróleo está a dar as últimas…
E uma das opções mais fortes da actualidade são os biocombustíveis, na forma de biodiesel ou Etanol… Especialmente no Brasil, dado o rendimento local da cultura da cana do açúcar.
Mas alguns estudos lançam cada vez mais dúvidas sobre este panorama… Um estudo conduzido pelo investigador brasileiro David Pimentel, professor de ciências ecológicas e agricultura da Universidade Cornell, nos EUA e por Tad Patzek, de Berkeley, defendem que o retorno energético por cada unidade de combustível fóssil é de 0,778 no metanol do milho (comum nos EUA), de 0,63 no etanol da madeita e de 0,53 no biodiesel da soja (EUA). Estes espantosos números resultam do somatório de toda a energia necessária para produzir uma unidade de etanol, desde a das máquinas empregues no cultivo, até ao transporte e transformação industrial. David Pimentel alerta também para o facto de que a multiplicação de campos de cana ou milho para produção de etanol vai multiplicar necessáriamente o consumo de pesticidas e fertilizantes, assim como o de água e logo agravar a contaminação das águas e a sobreutilização dos solos com as consequentes perdas de rendimento e aumento da erosão dos solos…
Na verdade, todo este movimento para o Etanol e para os biocombustíveis cheira mal… Cheira a influência e aplicação do imenso poder da indústria automóvel, ansiosa por fazer absorver os seus excedentes de produção apoiando assim a renovação da frota de perto de um bilião de automóveis que há no mundo e substituindo-a por veículos capazes de consumir biocombustíveis e não híbridos, já que estes serão mais caros e logo, exigirão uma margem de lucro mais contida… Como aliados, contam com as ultra-poderosas petrolíferas, perfeitas conhecedoras do “pico petrolífero” que agora se vive e investindo em força no Etanol brasileiro e noutros biocombustíveis por todo o mundo, procurando formas de sobreviver ao fim do petróleo que se avizinha… Para dominar estes novos combustíveis têm capitais e redes de distribuição monumentais e aptas para aniquilar qualquer concorrência que se lhes possa deparar… Aliados a este “Eixo” contam-se ainda as multinacionais do ramo alimentar como a turva “Monsanto”… Que já controlam a produção de Etanol nos EUA e que se preparam para entrar em força no mercado brasileiro, aniquilando e comprando todos os pequenos e médios produtores que aqui ainda são o essencial do sector. E de novo descortinam novas oportunidades para fazer singrar os transgénico e aquelas imorais “sementes auto-destrutivas” que tão recentemente foram proibidas pelo Parlamento canadiano…
Estes três Eixos que promovem o movimento para os Biocombustíveis (indústria automobilística, petrolíferas e agroindustrias) estão agora a pressionar os governos do mundo para que estes desçam as barreiras alfandegárias que dificultam a circulação dos biocombustíveis e que estabeleçam incentivos fiscais que promovam a renovação da frota automóvel e a substituição da rede distribuidora de combustíveis… Com financiamento dos nossos impostos, bem entendido e usando da influência que têm e que resulta dos financiamentos das campanhas partidárias.
Comentários Recentes