A consolidação do poder da UMP em França, na presidência da República e no Parlamento vem tornar aguda a questão de saber se os trabalhadores franceses têm direitos laborais “incompatíveis” com as exigências da Globalização e da sacrossanta “competividade internacional” das suas empresas… Um certo colunista do New York Times de nome “Thomas Friedman” advoga a tese segundo a qual os trabalhadores franceses (e europeus, no geral, por interposta pessoa) precisariam “baixar o seu nível de vida, devido à Globalização”.
Este famoso advogado das virtudes do Neoliberalismo e da Globalização (ver AQUI) escreveu profusamente sobre os conflitos entre Cultura, Tradição e Comunidade e a pressão da Globalização no seu livro “The Lexus and the Olive Tree”. Segundo Friedman: “Os franceses tentam preservar uma semana de 35 horas num mundo em que os engenheiros indianos estão prontos a fazer jornadas de 35 horas“.
Os defensores da Globalização tentam impôr a tese dogmática segundo a qual os progressos económicos nos países que mais têm crescido com a Globalização devem impôr uma redução da rede social ou do nível de vida nos países desenvolvidos, como “compensação” e de forma a tornar as suas economias mais competitivas frente a estas “economias emergentes”. Os programas sociais, assentes no modelo do “Estado Social” europeu devem ser drásticamente reduzidos de forma a que o Estado possa também ele reduzir os impostos sobre as empresas e os particulares fazendo com estas sejam assim mais competitivas frente às “economias emergentes”.
Mas a actual riqueza do Ocidente não assenta nos baixos salários, nos baixos impostos, nem na existência de um “Estado Mínimo” (por incompetência, como na China, ou por fraqueza do Poder Central, como na Índia), mas em elevados níveis de Produtividade e de Criatividade que estão directamente ligados a remunerações mais elevadas e a elevados padrões de Consumo… Reduzir a extensão da “rede social” europeia pode fazer cair os impostos a curto prazo, mas vai reduzir considerávelmente as massas de consumidores e reduzir a Moral e afectar assim directamente o desempenho das Economias afectadas… Reduzir as remunerações ou aumentar a duração das jornadas de trabalho, vai reduzir a Produtividade-Hora, os níveis de Consumo e os elevados padrões de motivação existentes nos países mais desenvolvidos, sem lograr nunca alcançar os mesmos níveis salárias e de condições laborais sub-humanos praticados no Oriente… Impossíveis porque lidamos no Ocidente com massas humanas mais bem preparadas, mais informadas e que se não vão tolerar as reduções drásticas de Direitos e de Condições de Trabalho que lhes querem impôr os Gurus da Globalização.
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