Segundo a Amnistia Internacional, a China está rapidamente a tornar-se o maior exportador e também o mais irresponsável dos exportadores de armas do mundo… São armas chinesas que sustentam hoje alguns dos conflitos mais sangrentos e cruéis do mundo no Sudão, no Nepal, ne no Myanmar… Armas de infantaria especialmente, sobretudo na forma das cópias chinesas da AK-47, mas também meios mais pesados como os 212 camiões chineses (com motores diesel Cummins americanos) que transportam agora os soldados governamentais e as milícias islâmicas Janjawid para os seus massacres no Darfur…
A colaboração desta muito lucrativa multinacional dos EUA diz também muito do tipo de multinacionais que estão hoje a propulsar a Globalização… Do tipo de negócios que aceitam fazer e da diminuta escala moral dos seus princípios e do quanto longe estão dispostas a ir para não comprometerem as suas boas relações com o “Império do Meio” e até onde podem ir para não fechar a porta aquela que é considerado nalguns círculos como o “maior mercado do mundo”.
Segundo uma investigação da ONU, tratar-se-íam de 212 camiões EQ2100E6D da Hubei Dong Feng Motor Industry and Export Company propulsados por um motor diesel Cummins 6BT5.9
De igual forma, a China exportou para outro dos estados mais ditatoriais do mundo, verdadeiro membro de um “Eixo do Mal” patrocinado pela China e logo, consentido pelos EUA e pelos Neocons bushistas: Myanmar, a antiga Birmânia… Para aqui, a China entregou mais de 400 camiões idênticos.
O Irão é hoje provavelmente o maior comprador de armamento chinês e certamente o maior comprador de equipamento pesado e de alta tecnologia… Desde caças Shenyang, a tanques T-59, a mísseis terra-terra HY-2 Silkworm e a lançadores de foguetes a China tem vendido alguns dos seus melhores sistemas de arma ao regime dos Mullahs, eterno opositor e rival do Ocidente, com uma folha de direitos humanos das mais manchadas do mundo…
No Nepal que as exportações militares chinesas têm sido também muito intensas… Entre 2005 e 2006, 25 mil AK-47s e 18 mil granadas foram entregues ao governo que as usou contra manifestantes e na repressão brutal que encetou contra os rebeldes maoístas (sim… irónicamente estas armas chinesas foram usadas contra rebeldes maoóistas…) e num fenómeno paralelo, o mundo, mas especialmente o Extremo Oriente (Malásia, Tailândia e Indonésia) têm assistido nos últimos anos a uma multiplicação de armas ligeiras e pistolas de marca Norinco, também muito comuns entre os perigosos gangs que operam na África do Sul… Existe aparentemente uma rede clandestina de distribuição destas armas da Norinco por todo o mundo, dependendo da inércia e corrupção das autoridades chinesas e da complacência de muitos governos onde estas armas aparecem com cada vez mais frequência…
Mas estas informações estão isoladas e certamente que não são únicas… A China mantêm uma política de segredo nas suas exportações militares e pouco se sabe delas, além daquilo que o seu regime fechado e censório deixa escapar intencionalmente para o exterior (como o recente anúncio de venda de equipamento militar para a Argentina de que falámos por AQUI). Aliás, se as exportações chinesas não são maiores do que já foram isso deve-se a uma concorrência feroz da Rússia (outro fornecedor do governo sudanês), mas principalmente ao mau desempenho que estas armas tiveram na Guerra Irão-Iraque nas Guerras do Golfo (sob comando iraquiano)… Em consequência dessa justa má imagem então adquirida, as vendas cairam a pique para menos de 600 milhões de dólares em 1998 e só nos últimos anos tornaram a recuperar…
A Aministia Internacional estima que a China exporta todos os anos perto de 2 biliões de dólares em armamento… Relativamente pouco se comparados com os quase 70 biliões dos EUA, mas muito, demasiado mesmo, se tivermos em conta os países para onde as exportam e a natureza das mesmas: armas de infantaria e veículos de transporte, uns e outros essenciais nos conflitos de baixa intensidade que decorrem nestes locais.
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