(Imagem de Futuropolis de Fritz Lang in http://www.nodulo.org)
O modelo actual das Coisas, ou seja, o chamado “Liberalismo Económico” ou melhor dizendo, a sua interpretação neoconservadora que se vai impondo pelo mundo fora como “Pensamento Único” e como a “Globalização-que-ninguém-pode-ignorar-ou-combater” está a provocar uma série de fenómenos conexos que importa identificar…
É evidente que apesar de todas as promessas dos economistas do sistema, o Desemprego Estrutural se instalou em todo o Ocidente, dito “Desenvolvido”. E com ele, um excesso de oferta da mão-de-obra o que provoca inevitavelmente uma pressão sobre os Salários e, logo, uma redução massiva do seu peso nas economias nacionais do Ocidente e uma muito sensível redução no Consumo que está na raíz de uma estagnação económica que parece confortávelmente instalada nas nossas sociedades. A este Desemprego Estrutural, corresponde no Oriente, um aumento do Emprego e de alguma melhoria do nível de Vida, não sistemático e aquartelado em alguns escalões profissionais e em alguns gestores dos países cujas economias mais têm crescido no decurso do processo da Globalização (Índia e China, sobretudo). Nestes países, e outros idênticos, multiplicou-se o Trabalho Semiescravo, com uma explosão da jornada diária e com condições e salários muito inferiores aos padrões praticados no Ocidente, recorrendo frequentemente a diversas formas de coação, psicológica e física, como AQUI já abundantemente referimos.
Este movimento para Oriente, que desloca indústrias e fábricas inteiras do Ocidente para o Oriente, esvaziando o tecido industrial do Ocidente e deixando hordas imensas de desempregados e pobreza e transfere as mesmas fábricas para o Oriente produzindo aqui um regime laboral próximo da escravatura ocorre impulsionado pelo poder cada vez maior das multinacionais, cada vez menos numerosas e mais poderosas através de movimentos de fusões e aquisições que parecem antecipar um futuro em que toda a economia mundial será dominada por uma escassa meia dúzia de megacorporações globais.
Perante esta megacorporações globais, os poderes dos governos democraticamente eleitos são cada vez menores e isto explica o aumento radical do poder e da influência destas megacorporações no Poder Executivo e até (e sobretudo) na feitura das Leis, sendo especialmente agudo nas Organizações multinacionais como a União Europeia, a NAFTA e outras que os planeadores das megacorporações querem implementar em todas as regiões do mundo, em torno da criação de moedas regionais comuns e da supressão de todas as barreiras alfandegárias, na boa aplicação da cartilha neoliberal imposta pelo “Pensamento Único”.
Os governos democráticos estão tanto mais reféns destes interesses financeiros e globais porque a sua ascensão ao Poder depende cada vez de campanhas eleitorais cada vez mais dispendiosas e mediáticas que exigem um volume de patrocínios e apoios que já não pode vir das quotizações partidárias, mas somente das contribuição (nunca inocentes nem desinteressadas) dos grandes grupos económicos, que depois lhes cobram contrapartidas, na forma de favores, influência legislativa e adjudicação das chamadas “obras hidráulicas” ou de “regime” de que os absurdos elefânticos chamados Ota e TGV são excelentes exemplos.
Todo este circuito depende de um só elemento: Da existência de maiorias de eleitores insuficientemente informados e, logo, fácilmente manipuláveis em campanhas de marketing político que não correspondem frequentemente à acção dos governos eleitos e que estreitam cada vez mais o universo de votantes efectivos e desmotivam o ingresso na política de “cultivadores de ideiais” e não de “servidores de interesses” como Pina Moura ou tantos outros que ascendem e frutificam nos corredores do Poder.
Em suma, este é o grande ciclo das Coisas, segundo a cartilha Globalista e Neoliberal que nos querem impôr:
Desemprego no Ocidente ->
Semiescravatura no Oriente ->
Poder absoluto das Multinacionais ->
Partidos financiados pelas Multinacionais e grandes interesses económicos ->
Campanhas eleitorais muito dispendiosas ->
Eleitores ignorantes ->
Desemprego no Ocidente -> e volta tudo ao príncipio…
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