Uma empresa de fabricação de peças para automóveis belga (sempre boas notícias, vindas lá da Bélgica…) proibiu os seus trabalhadores de falarem qualquer outra língua além do Flamengo, mesmo durante a pausa de almoço, avisando-os de que poderiam ser despedidos se violassem a norma da companhia…
Segundo o directo dos Recursos Humanos da “HP Pelzer“, um tal de Geert Vermote (curiosamente um nome… flamengo): “Temos pessoas da Itália, Índia, Polónia e Algéria aqui. Isto vai impedir a formação de grupos aqui e ali.”
A “HP Pelzer” está situada no coração da região flamenga da Bélgica e esta probição insere-se no contexto muito delicado na longa rivalidade e animosidade entre falantes do francês e do flamengo neste pequeno país que acolhe a maioria dos órgãos administrativos da União Europeia, e que por isso mesmo, espelha a natureza da complexidade e a incompletitude do processo de unificação europeia…
A medida foi particularmente mal acolhida pelos trabalhadores de origem turca, que formam quase 35% do total dos trabalhadores, que sentem que a regra foi criada tendo em vista a sua comunidade…
A Bélgica é um país severamente disfuncional como sabe quem o conhece mais de perto… A clivagem linguística e comunitária é severa e alcança nalguns momentos níveis perigosamente próximos do separatismo havendo um sentimento generalizado entre a população de língua flamenga de uma superioridade em relação aos francófonos, tidos como “inferiores” e “latinos”. Esta “proibição linguística” insere-se neste contexto fragmentário e pode deter de facto o valor “racial” de que os emigrantes turcos a acusam… Mas num ponto, os flamengos têm razão, assim tem razão a ministra holandesa da Integração e da Imigração Rita Verdonk com uma proposta para que todos aqueles que “planeiam viver na Holanda a longo prazo, devem falar holandês.” E de facto, um residente num país estrangeiro deve saber – pelo menos – falar a língua local e fazer um esforço para a dominar no menor espaço de tempo possível… Muitas comunidades imigrantes pelo mundo fora não o fazem e os recentes motins em França (que provávelmente darão a Sarkozy) a presidência da República…) são um reflexo desta fragmentação social que a descontinuidade linguística implica… Em suma… A “HP Pelzer” pode estar certa… Mas não num contexto laboral e nunca agindo em forma de imposição ou ameaçando com punições severas, que além do mais vão provavelmente contra o espírito da Lei e da União Europeia… Mas não me repugna por aqui além o princípio básico: Um imigrante deve falar a língua nacional do país onde escolher viver…
Fontes:
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