(SAS, “Special Air Service” britânicos em treino)
Tony Blair aumentou a escala verbal do discurso britânico sobre a captura dos 15 militares britânicos (oito Royal Marines e sete marinheiros) pelo Irão advertindo a República Islâmica que a questão “entrará numa nova fase” se estes não forem libertados. Actualmente os militares estão a ser interrogados pelos Guardas da Revolução, em Teerão, algo que certamente não será fácil, conforme relatou um outro militar britânico detido em idênticas circusntâncias em 2004 e que disse ter sido vítima de várias humilhações e sido vítima de “execuções simuladas” aquando desses interrogatórios…
Mas admitamos que os militares não são libertados e que são usados como “moeda de troca” para a questão nuclear ou plantados como “escudos humanos” nas instalações nucleares do Irão… Como já aconteceu antes, no Iraque e como muito bem recordou o Golani?… Que opções restam aos britânicos? Eles têm forças para lançarem uma operação de resgate em Teerão? Uma espécie de reedição da famigerada Eagle Claw que em 1980 tentou resgatar os elementos da embaixada americana no Irão que tinham sido detidos em Teerão… Impossível não seria… Mas neste caso sabia-se exactamente onde estavam os americanos (na Embaixada Americana) e agora… Duvido que se saiba o paradeiro destes militares… e o Irão de hoje não é o mesmo de 1980… Tem ao contrário deste uma força aérea operacional e capaz de detectar e enfrentar qualquer missão que os britânicos enviem para os seus céus…
Neste contexto, as ameaças veladas de Tony Blair não produzem grande efeito… É que nem o Irão é a Argentina de Galtieri, nem o Reino Unido de hoje tem as mesmas forças armadas que serviam a senhora Tatcher em 1982… É certo que o Reino Unido tem ainda uma das mais eficientes forças armadas do mundo, e no que respeita à capacidade para projectar forças, está atrás apenas dos EUA, tendo a segunda maior marinha de guerra do mundo… E sobretudo, as suas forças especiais (SAS, sobretudo) são provavelmente as melhores do mundo… Mas terá o Reino Unido a vontade para resgatar os seus militares? Provavelmente, ninguém quererá arriscar uma operação de salvamento no contexto do aumento do preço do petróleo e do agravamento constante da situação no Iraque… E assim sendo… Este verbo de Blair… Arrisca-se a não passar de um suave arrufo infértil e estéril…
Em 28 de Março, o Reino Unido revelou fotografias e dados de navegação que indicam que o grupo de 15 militares estavam 1,7 milhas náuticas dentro das águas territoriais iraquinas. Estranhamente, o Irão revelou duas coordenadas diferentes, sendo que as primeiras colocavam o sucedido precisamente em águas iraquianas, um “erro” que foi depois corrigido, no segundo conjunto de coordenadas enviado aos britânicos, afirmando agora que os britânicos foram capturados quando estavam 500 metros dentro das águas territoriais iranianas. Sabe-se também agora que os militares britânicos foram capturados com dois barcos insufláveis e que tinham acabado de abordar um navio de bandeira indiana suspeito de transportar carros roubados para o Irão.
Fonte: Público
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