“O braço-de-ferro entre Washington e Teerão saiu do plano estritamente político-militar e entrou no tabuleiro financeiro. Esta semana, o presidente iraniano Mahmoud Ahamadinejad, anunciou que vai passar a transaccionar o petróleo em euros e não em dólares como até agora. (…) Hugo Chávez, o presidente venezuelano em permanente conflito com a Casa Branca, está também a cortar o peso da divisa norte-americana nas suas reservas. O dólar, que representa quase a totalidade do valor na posse do banco central de Caracas, viu a sua importância diminuir para próximo dos 80%. (…) Vários países estão a reduzir a sua exposição ao dólar numa altura em que este está em queda nas praças cambiais. No Médio Oriente, na China, ou até na Indonésia, são muitos os exemplos de alteração na composição das reservas cambiais.”
“O peso do euro nas reservas cambiais tenderá a acrescer no futuro próximo e a sua valorização frente ao dólar será inevitável. Até porque os mercados já interiorizaram a ideia de que a correcção da nota verde veio para ficar e é desta que o déficit da balança corrente norte-americana vai começar a reequilibrar-se. Para isso contribuirá também o abrandamento da economia dos EUA que já se vislumbra em vários indicadores.”
João Silvestre, in Expresso de 23 de Dezembro de 2006.
Será que estamos assim a assistir finalmente ao enterro do Dólar Americano e ao começo da imposição do Euro como moeda privilegiada de trocas internacionais? Muita da actual – e algo fictícia – prosperidade americana deve-se ao papel semimonopolista do dólar na Economia mundial e se este fôr ameaça por uma nova moeda, como o Euro, sustentada por algumas das maiores economias do mundo (com a França e Alemanha, à cabeça).
Durante décadas – desde o fim do uso do ouro como referência monetária – que os EUA se limitam a imprimir mais papel sempre que precisam de mais dinheiro (ok, embora se exagerarem paguem o preço de uma inflação elevada). Mas se o dólar deixar de ser a moeda de referência nas transacções internacionais, a maior ferramenta para o “império Global” dos EUA deixa de existir, e estes, para manterem uma Economia voraz, um Consumo ardente e crescente dos bens e matérias-primas produzidos e explorados no resto do mundo passariam apenas a poder contar com a força bruta imposta pelas armas. Ora, é possível uma Democracia no Interior, ser um Império Militar no Exterior?
O “Império de Atenas” provou que não…
Comentários Recentes